domingo, 9 de dezembro de 2007

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Idade Contemporânea

Idade Média

  1. Idade Contenporânea

Revolução Francesa
A queda da Bastilha, no dia 14 de julho de 1789, marca o início do movimento revolucionário pelo qual a burguesia francesa, consciente de seu papel preponderante na vida econômica, tirou do poder a aristocracia e a monarquia absolutista. O novo modelo de sociedade e de estado criado pelos revolucionários franceses influenciou grande parte do mundo e, por isso, a revolução francesa constitui um importante marco histórico da transição do mundo para a idade contemporânea e para a sociedade capitalista baseada na economia de mercado. Sublevação política que teve início em 1789 e se prolongou até 1815, à revolução francesa, baseada em princípios liberais, democráticos e nacionalistas, foi à primeira das revoluções modernas. Por suas conseqüências e pela influência que exerceu na evolução dos países mais adiantados da Europa, é considerada a mais importante do ciclo de revoluções burguesas da história. A independência dos Estados Unidos e a revolução industrial iniciada na Grã-Bretanha são outras duas grandes transformações que marcaram a transição da idade moderna para a idade contemporânea. Antecedentes Historiadores divergem quanto às causas da revolução francesa, mas as mais comumente citadas incluem o descontentamento do povo francês, farto de tolerar um regime em que eram inúmeros os privilégios e os abusos. A monarquia absolutista representava um obstáculo à ascensão da burguesia, classe mais rica e instruída da nação. Os camponeses ainda viviam esmagados pelo sistema feudal imperante no campo. A nobreza e o alto clero possuíam as melhores e mais extensas propriedades, enquanto o campesinato vergava sob o peso dos impostos reais, do dízimo eclesiástico e dos direitos senhoriais. O poder absoluto do rei não podia, pelo menos teoricamente, sofrer limitações. Desde 1614 não eram convocados os Estados Gerais, a assembléia que representava a nação e que se compunha da nobreza, do clero e do chamado terceiro estado, ou seja, todos aqueles que não pertenciam às duas primeiras classes. Não havia liberdade religiosa nem de imprensa. Com uma simples ordem -- a lettre de cachet -- o rei podia mandar efetuar prisões arbitrariamente. A justiça ainda adotava a tortura. O poder real apoiava-se na nobreza e no clero. O Parlamento, principal corte de justiça, freqüentemente entrava em conflito com o soberano e, como tinha o direito de criticar os editos reais podia mesmo recusar-se a reconhecê-los. Nessas disputas, o povo punha-se ao lado do Parlamento. Uma das instituições do regime monárquico que, por sua impopularidade, muito contribuiu para a queda do regime foi à corte. De seus numerosos membros, cerca de 16.000 estavam a serviço do rei, enquanto os demais eram cortesãos sem função definida. Outra grave falha do regime era a falta de unidade administrativa. Os impostos variavam de província para província e cada uma delas mantinha suas próprias instituições e leis. Existiam várias organizações judiciais: além dos tribunais reais, havia aqueles que pertenciam aos senhores de terra, às municipalidades e à igreja. A desorganização fiscal e os gastos supérfluos tinham desastrosas conseqüências para as finanças. O orçamento era constantemente deficitário e o imposto se cobrava de maneira arbitrária. O princípio da desigualdade imperava também nos meios eclesiásticos: o alto clero, constituído exclusivamente de nobres, possuía cerca de seis por cento das terras do país e reservava para si a maior parte da receita da igreja. A nobreza gozava de numerosos privilégios. Somente seus membros tinham acesso aos cargos da corte, aos comandos militares e às dignidades eclesiásticas. Em suas propriedades prevaleciam os direitos feudais: contribuições em gênero ou em trabalho, pagamento pelo uso dos moinhos, fornos etc. Entregue, porém, a uma vida de dissipação e impedida de exercer atividades consideradas menos dignas, a nobreza entrou em decadência. Sentindo-se ameaçada pela burguesia, suscitou um movimento de reação, a fim de conservar seus privilégios. Conseguiram excluir do alto clero, do Parlamento e dos postos mais expressivos da carreira militar aqueles cuja nobreza não fosse superior a quatro gerações. Ascensão da burguesiaCom o desenvolvimento do comércio, da indústria e das finanças, a burguesia prosperou. Tornou-se considerável o movimento dos principais portos franceses, enriquecidos com o comércio das Antilhas e o tráfico de escravos. A indústria também se desenvolveu. Os produtos franceses tinham fama em toda a Europa. Era igualmente notável o progresso das indústrias têxtil, metalúrgica e de mineração. Embora a maior parte da produção industrial ainda dependesse do artesanato, já começavam a surgir às primeiras grandes fábricas capitalistas, que empregavam maquinaria moderna. Era natural, portanto, que a burguesia não se conformasse em permanecer relegada a uma posição secundária na vida política do país. Ademais, a má administração das finanças públicas afetava diretamente seus interesses. Ela ansiava por uma mudança de regime que lhe permitisse participar da administração e era, assim, a principal interessada na revolução. Com o progresso industrial, a classe operária cresceu e passou a reivindicar maiores salários e melhores condições de trabalho. Mas ainda não era suficientemente numerosa, nem dispunha de organização para aspirar à direção do movimento revolucionário. Mais grave, porém, era o problema agrário. O campesinato representava nove décimos da população total. Embora a maioria dos camponeses fossem livre, somente uma pequena parcela podia manter-se com a produção da terra e desfrutava de um padrão de vida relativamente elevado. Os pequenos proprietários viviam esmagados pelos impostos e eram obrigados a dedicar-se à produção artesanal para subsistir. Os camponeses sem-terra viam-se forçados a trabalhar nas propriedades dos grandes senhores. Fermentação revolucionária. A estrutura agrária obsoleta não atendia às novas exigências de uma população que se expandia com o progresso industrial e mercantil. Reclamavam-se medidas capazes de aumentar a produção agrícola, que mal chegava para alimentar a população. Assim, as condições eram propícias à fermentação de idéias revolucionárias. Era muito grande a influência de Voltaire e, principalmente, de Jean-Jacques Rousseau, autor do livro Du contrat social (1762; Contrato social), lido e aplaudido em praça pública. Inspirados nas idéias de Rousseau, os revolucionários defendiam o princípio da soberania popular e da igualdade de direitos. O exemplo da revolução americana (1776) também muito contribuiu para exaltar a opinião pública francesa. Dentre os intelectuais avançados da época, além de Jean Le Rond d'Alembert, Anne-Robert-Jacques Turgot e Denis Diderot, sobressaíram-se o abade Mably, considerado o "profeta e conselheiro da revolução", que chegou a preconizar a propriedade coletiva da terra. Foi, entretanto, o marquês de Condorcet quem conseguiu exprimir com fidelidade as aspirações revolucionárias da época. Defendia a liberdade econômica e chegou a elaborar o princípio dos direitos do homem. Contudo, a elite intelectual revolucionária não pretendia aplicar o princípio igualitário até as últimas conseqüências. Os mais radicais defendiam a "monarquia republicana". Segundo pensavam a massa ignorante não estava preparada para participar do poder. Diante das promessas de igualdade e fraternidade, porém, o povo foi atraído para a causa revolucionária. Às vésperas da revolução, agravou-se a crise econômica. O único meio de estabelecer o equilíbrio seria suprimir os privilégios e decretar a igualdade de todos diante do fisco, mas para isso era necessário opor-se aos nobres, e o governo não tinha forças para tanto. Crise econômicaNomeado ministro das Finanças em 1783, Charles-Alexandre de Calonne tentou solucionar a crise por meio de empréstimos sucessivos. Quando já não pôde conseguir novos empréstimos, pensou em realizar reformas, a fim de obrigar os privilegiados a pagar impostos. Sabendo que seus projetos seriam rejeitados pelo Parlamento, apelou para a convocação de uma assemblée des notables, composta de grandes senhores, príncipes, magistrados e conselheiros de estado. A assembléia reuniu-se em 1787, mas rejeitou as idéias de Callone, logo destituído por Luís XVI. O novo ministro das Finanças, Loménie de Brienne, sugeriu aos notáveis as mesmas medidas propostas pelo antecessor e foi igualmente derrotado. Brienne, então, submeteu seus planos ao Parlamento de Paris, que aprovou algumas reformas, mas derrubou as mais importantes, como a que instituía o imposto territorial. Luís XVI entrou em choque com o Parlamento e este fez publicar, em maio de 1788, uma decisão que valeu como verdadeira declaração de direitos da nação. O povo tomou o partido dos parlamentares e o soberano acabou por decretar o recesso compulsório do Parlamento. A crise se aprofundou e, premido pela gravidade da situação, Luís XVI cedeu e substituiu Brienne por Jacques Necker, homem muito popular, que já fora ministro das Finanças e que passou a exercer funções de primeiro-ministro. Foram convocados os Estados Gerais. Depois de acesos debates sobre a proporcionalidade dos representantes das três classes nos Estados Gerais, o rei decidiu atender ao clamor público e concedeu que o terceiro estado contasse com tantos representantes quantos tinham as outras duas classes reunidas e que fossem periodicamente convocados para deliberar sobre despesas e impostos. No entanto, a crise econômica continuou a agravar-se. A indústria têxtil foi duramente atingida pela concorrência inglesa e o número de desempregados elevou-se a cerca de 200.000. Os camponeses famintos assaltavam os celeiros e se recusavam a pagar os direitos feudais. Em Paris, cuja população era de cerca de 650.000 habitantes, mais de 120.000 indigentes perambulavam pelas ruas. Queda da BastilhaLogo na primeira sessão dos Estados Gerais, os representantes do terceiro estado desentenderam-se com os aristocratas. Depois de negociações infrutíferas, os primeiros resolveram deliberar sozinhos, na qualidade de representantes de 96% da nação, e declararam-se Assembléia Nacional, soberana em matéria de impostos. Essa medida praticamente subtraiu ao rei o poder sobre as finanças e se constituiu no primeiro ato revolucionário. Luís XVI hostilizou o terceiro estado e tentou anular suas deliberações, mas ante sua resistência foi obrigado a ceder. A partir de então, a Assembléia declarou-se Assembléia Constituinte, destruindo com isso o poder absoluto da monarquia. Instigado pela rainha e pelos que o cercavam, o soberano preparou-se para agir e reuniu as tropas em torno de Paris e Versalhes. Circulavam boatos sobre a dissolução da Assembléia. O rei recusou-se a dispersar as tropas a pedido dos constituintes e demitiu Necker. Paris levantou-se em defesa da Assembléia. Camille Desmoulins incitou o povo a reagir e encabeçou uma passeata de protesto. O grupo invadiu o Hôtel de Ville (prefeitura), onde capturou algumas armas. Organizou-se, no dia 13 de julho, um comitê permanente que reuniu 12.000 homens e constituiu uma milícia para a defesa de Paris. Foi o primeiro núcleo da Guarda Nacional. No dia seguinte, 14 de julho, a agitação cresceu. O povo sublevado saqueou o Hôtel des Invalides (sede do governo militar parisiense), onde recolheu canhões e milhares de fuzis. Em seguida, dirigiu-se à Bastilha, à procura de mais armas e munição. Depois de algumas horas de luta, a massa invadiu a fortaleza e massacrou seus defensores. A queda da Bastilha teve importância decisiva para a revolução, porque era o símbolo das injustiças do antigo regime. O rei capitulou. Em 15 de julho, anunciou aos deputados à dispersão das tropas e, no dia seguinte, chamou Necker para reassumir o Ministério das Finanças. Luís XVI e Maria Antonieta se dirigiram a Paris, numa tentativa de pacificar a cidade. O rei sancionou todas as medidas adotadas pelos revolucionários. Esses acontecimentos repercutiram por toda a França. Nos departamentos, constituíram-se novas municipalidades e organizaram-se milícias populares. Marcha contra Versalhes. Após a queda da Bastilha, espalharam-se pelo país boatos alarmantes. Falava-se numa conspiração dos aristocratas para retomar o poder. Os camponeses começaram, então, a rebelar-se. Atacaram os castelos e recusaram-se a pagar os direitos feudais. A insurreição no campo chamou a atenção da Assembléia Constituinte para o problema agrário. Reunida em 4 de agosto, decidiu, finalmente, suprimir os direitos feudais, os privilégios fiscais e a venalidade dos cargos. Em 26 de agosto, a Assembléia votou a Declaração Universal dos Direitos do Homem -- que proclamava a liberdade, a igualdade, a inviolabilidade da propriedade e o direito de resistir à opressão -- e começou a discutir a constituição. A situação agravou-se, porém, quando Luís XVI recusou-se a sancionar os decretos de 4 de agosto e chamou as tropas de volta a Versalhes. A fome contribuía para aumentar o desespero das massas. Em 5 de outubro, uma multidão dirigiu-se a Versalhes, clamando por pão e exigindo do rei a aprovação dos decretos de 4 de agosto. Luís XVI prometeu providenciar alimento e sancionar os decretos. No dia seguinte, porém, as massas invadiram o palácio e pressionaram diretamente o soberano, que prometeu, para acalmá-las, instalar-se em Paris. A constituiçãoNo início da revolução, distinguiam-se, na Assembléia, duas facções antagônicas: os aristocratas e os patriotas. Com o desenrolar dos acontecimentos, os dois grupos cindiram-se. Os patriotas dividiram-se em monarquistas, que, temendo a ascensão do movimento popular, desejavam fortalecer o poder real; constitucionais, que pretendiam limitar o poder do rei sem aboli-lo; e um pequeno grupo extremado que, desconfiado de Luís XVI, procurava restringir ao máximo suas atribuições. A luta política não se travava somente na assembléia. Havia também os clubes, em que os diversos grupos se reuniam para discutir. O principal deles era o Clube dos Jacobinos, onde se encontravam os deputados patriotas e a elite da burguesia revolucionária. Os debates se travavam também pelos jornais: enquanto a aristocracia se manifestava no Petit Gauthier, na extrema esquerda Jean-Paul, Marat agitava a opinião pública com o L'Ami du Peuple. Restava à Assembléia tomar medidas que remediassem a crise financeira e reorganizassem a vida constitucional do país. Como medida extrema, decidiu lançar mão dos bens do clero. Emitiu assinats, reembolsáveis em bens eclesiásticos, e determinou que essas espécies de apólices circulassem como moeda corrente. Com isso, o custo de vida subiu. O estado foi forçado a emitir cada vez mais. A constituição foi concluída em 1791 e, seguindo o exemplo dos americanos, os constituintes encabeçaram-na com uma declaração de direitos que valia como uma exposição dos princípios filosóficos da revolução. Os mais importantes eram o princípio da soberania do povo e o da separação dos poderes. Sendo maioria na Assembléia, a burguesia ditou os princípios que nortearam a constituição, de acordo com seus interesses de classe, e preocupou-se, ao mesmo tempo, em restringir o poder real e conter as reivindicações das massas populares. Escolheu o regime representativo, no qual o povo não poderia influir diretamente no governo e nem todos podiam votar. Os cidadãos foram divididos em duas categorias -- ativos e passivos -- e a constituição outorgou o direito de voto somente aos primeiros. A base para a distinção entre as duas categorias era a propriedade. Os deputados deviam ser escolhidos entre os proprietários que pagassem contribuição equivalente a cinqüenta dias de salário. Desse modo, os plenos direitos políticos ficavam reservados aos ricos. O poder judiciário foi confiado a juízes eleitos, e o poder executivo a um monarca hereditário. A Assembléia Legislativa, eleita por dois anos, era indissolúvel e constituía o poder preponderante no novo regime. Ao soberano cabia sancionar as leis, dirigir a política externa e usar o "veto suspensivo" para recusar-se a sancionar uma lei durante duas legislaturas sucessivas. A constituição estabeleceu a igualdade de impostos, secularizou o matrimônio, o registro civil e a instrução pública. Para conter a agitação operária, decorrente da crise econômica e do desemprego, a Assembléia votou uma lei que proibia as associações profissionais. Na verdade, a queda do antigo regime trouxe pouca vantagem para o operariado. Nem mesmo os camponeses pobres foram beneficiados como esperavam. Contra-revoluçãoO novo regime teve de enfrentar grandes dificuldades, como greves operárias, descontentamento de camponeses e desentendimentos entre oficiais nobres e soldados patriotas. Os choques das diversas tendências lançaram os moderados para o lado da aristocracia, contra aqueles que exigiam medidas mais democráticas. Surgiram, então, sociedades que defendiam idéias mais avançadas que as dos jacobinos, como a que ficou conhecida por Clube dos Cordeliers, de que faziam parte George-Jacques Danton, Jean-Baptiste Santerre, Marat, Desmoulins e Jacques-René Hébert. As sociedades populares de Paris agruparam-se em 1791 numa federação e apresentaram à Assembléia a reivindicação do sufrágio universal. Nessas sociedades propagavam-se os ideais republicanos e discutia-se a questão agrária. À medida que as massas se radicalizavam, a grande burguesia, temendo as idéias avançadas, agrupava-se num "partido de conservação social". O governo revolucionário teve de enfrentar também a animosidade dos demais soberanos da Europa. Estes, a princípio, permaneceram neutros por verem na revolução apenas o enfraquecimento da França, mas, tão logo sentiram a ameaça de propagação dos ideais revolucionários em seus próprios domínios, passaram a auxiliar abertamente as tentativas de contra-revolução. Enquanto os exilados preparavam a guerra contra-revolucionária, Luís XVI e Maria Antonieta tentavam obter auxílio nas outras cortes da Europa. Entraram em contato com o marquês de Boillé, que concentrara tropas em Metz. Na noite de 20 de junho de 1791, o rei fugiu com sua família das Tulherias em direção à fronteira, mas, durante a viagem, foram descobertos e presos em Varennes. A Assembléia suspendeu provisoriamente os poderes do soberano. Esse incidente foi de grande importância, pois serviu para estimular as idéias republicanas. O Clube dos Cordeliers solicitou à Assembléia que proclamasse a república, mas ela não cedeu. Também se recusou a levar Luís XVI a julgamento e tentou até inocentá-lo. Os partidários da república promoveram uma manifestação no Campo de Marte e foram dispersos a tiros pela guarda nacional do marquês de Lafayette, que, de volta dos Estados Unidos, havia se incorporado à corrente dos moderados, que dominaram a situação. Submeteram a constituição ao soberano, reforçaram seus poderes e concederam, a seu próprio pedido, a anistia geral.


Socialismo
Conceitos básicos do Marxismo Definir claramente o sentido de Socialismo, hoje em dia, não constitui tarefa das mais simples. Essa dificuldade pode ser creditada à utilização ampla e diversificada deste termo, que acabou por gerar um terreno bastante propício a confusões. Constantemente encontramos afirmações de que os comunistas lutam pelo socialismo, assim como também o fazem os anarquistas, os anarco-sindicalistas, os sociais-democratas e até mesmo os próprios socialistas. A leitura de jornais vai nos informar que os governos Cubano, Chines, Vietnamita, Alemão, Austríaco, Ingles, Francês, Sueco entre outros, proclamam-se socialistas. Caberia então perguntar o que é que vem a ser este conceito, tão vasto, que consegue englobar coisas tão dispares. A História das Idéias Socialistas possui alguns cortes de importância. O primeiro deles é entre os socialistas Utópicos e os socialistas Científicos, marcado pela introdução das idéias de Marx e Engels no universo das propostas de construção da nova sociedade. O avanço das idéias marxistas consegue dar maior homogenidade ao movimento socialista internacional. Pela primeira vez, trabalhadores de países diferentes, quando pensavam em socialismo, estavam pensando numa mesma sociedade - aquela preconizada por Marx - e numa mesma maneira de chegar ao poder. As idéias de Karl Marx e Friedrich Engels As teses apresentadas por Marx e Engels levaram a uma total modificação do caminho que vinha sendo percorrido pelas idéias socialistas e constituíram a base do socialismo moderno. Apesar de obras anteriores, é o Manifesto do Partido Comunista que inova definitivamente o ideário socialista. A partir de sua publicação em 1848, tanto Marx quanto Engels aprofundaram e detalharam, em suas demais obras, suas concepções sobre a nova sociedade e sobre a História da humanidade. Antes de qualquer coisa, devemos fugir à idéia de que anteriormente a Marx existissem apenas trevas. O que há de genial no trabalho de Marx é sua aguçada visão da História e dos movimentos sociais e a utilização de instrumentos de análise que ele próprio criou. Marx se serve de três principais correntes do pensamento que se vinham desenvolvendo, na Europa, no século passado, coloca-as em relação umas com as outras e as completa em suas obras. Sem a inspiração nestas três correntes, admite o próprio Marx, a elaboração de suas idéias teria sido impossível. São elas: a dialética, a economia política inglesa e o socialismo. Para Marx o movimento dialético não possui por base algo espiritual mas sim algo material. O materialismo dialético é o conceito central da filosofia marxista, mas Marx não se contentou em introduzir esta importante modificação apenas no terreno da filosofia. Ele adentrou no terreno da História e ali desenvolveu uma teoria científica: O materialismo histórico. O materialismo histórico, a concepção materialista da história desenvolvida por Marx e Engels, é uma ruptura à História como vinha sendo estudada até então. A história idealista que dominava até então. A história idealista que dominava até aquela época chamava-se de História da Humanidade ou História da Civilização a algo que não passava de mera seqüência oredenada de fatos histórico relativos às religiões, impérios, reinados, imperadores, reis e etc. Para Marx as coisas não funcionavam desta maneira. Em primeiro lugar, como materialista, interessava-lhe descobrir a base material daquelas sociedades, religiões, impérios e etc. A ele importava saber qual era a base econômica que sustentava estas sociedades: quem produzia, como produzia, com que produzia, para quem produzia e assim por diante. Foi visando isto que ele se lançou ao estudo da Economia Política, tomando como ponto de partida a escola inglesa cujos expoentes máximos eram Adam Smith e David Ricardo. Em segundo lugar uma vez que a base filosófica de todo o pensamento marxista (e, portanto, também de sua visão de história) era o materialismo dialético, Marx queria mostrar o movimento da história das civilizações enquanto movimento dialético. A teoria da História de Marx e Engels foi elaborada a partir de uma questão bastante simples. Examinando o desenvolvimento histórico da Humanidade, pode-se facilmente notar que a filosofia, a religião, a moral, o direito, a indústria, o coméricio etc., bem como as instituições onde estes valores são representados, não são sempre entendidos pelos homens da mesma maneira. Este fato é evidente: A religião na Grécia não é vista da mesma maneira que a religião em nossos dias, assim como a moral existente durante o Império Romano não é a mesma moral existente durante a idade média.

A Unificação Italiana
As determinações do Congresso de Viena (1814-1815) assinalaram a divisão da Itália em sete Estados submetidos parcialmente à ocupação austríaca: ao norte, o Reino Sardo-Piemontês, governado pela dinastia de Sabóia e o reino da Lombardia, cedido à Áustria; ao centro, os Estados Pontifícios, sob a autoridade da Igreja, e os ducados de Toscana, Parma e Modena, também governados por austríacos; ao sul, o reino de Nápoles ou das Duas Sicílias, governados pelos Bourbons. Até o início do século XIX, a economia italiana apoiava-se na agricultura, desenvolvida principalmente no norte da Península. Também nessa região se registravam as iniciativas industriais, por meio de investimentos nos setores mecânicos e ferroviários, na instalação de companhias de créditos e no estabelecimento de bancos e redes comerciais. Os investimentos nacionais conviviam com empresas estrangeiras procedentes da Inglaterra, Alemanha, Suíça e França. Foi nessa região que se evidenciou a formação de uma burguesia industrial interessada em fortalecer os empreendimentos capitalistas, combatendo o domínio das forças conservadoras. Interessava à burguesia superar todos os obstáculos que emperravam o crescimento capitalista: a Itália, dividida em vários reinos, apresentava diversas leis e impostos que retardavam a livre circulação das mercadorias. A repercussão dos movimentos revolucionários liberais ocorridos na França, em 1830 e em 1848, não contou com a adesão imediata da Península Italiana. Somente os reinos de Sardenha-Piemontês e o da Lombardia reuniam condições para enfrentar as forças conservadoras reveladas no domínio austríaco dos Habsburgos mantidos na região.

Primeira Guerra Mundial
Introdução A Primeira Guerra Mundial foi uma guerra ocorrida devido pretensões imperialistas entre 1914 até 1918, com conflitos principalmente em regiões européias. Antecedentes Nas últimas décadas do século XX, o mundo assistiu à explosão de uma Guerra Civil na Iugoslávia que resultou no desmantelamento desse país e no surgimento da Eslovênia, Croácia e Bósnia-Herzegovina, como nações independentes. O conflito entre sérvios, croatas e bósnios irrompeu em função das diversas étnicas, religiosas e políticas existentes entre eles. As pretensões imperialistas ganharam profundos contornos a partir de 1870, pois, nessa época, a Europa Ocidental e também os Estados Unidos expandiram sua política econômica e organizaram poderosos impérios, devido à concentração de capitais procedentes do monopólio e da fusão das empresas. As indústrias pesadas exigiram a união das empresas, a fim de garantirem maiores lucros e bons preços. Por esse motivo, tornou-se acirrada a disputa de mercadoria e de fontes de matérias-primas. Desde o Congresso de Viena, em 1815, a preocupação dos principais paises europeus passou a ser a busca da estabilidade internacional. Para isso, as nações buscaram o prestígio nacional e o fortalecimento militar, mantendo constante vigilância para impedir o crescimento das forças contrárias e a formação de alianças entre países afins. Esta inquietação ocorria mediante o "equilíbrio de poder". Durante a metade do século XIX, as nações imperialistas dominaram povos e territórios em diversas partes do mundo. Assim, em poucas décadas, acumularam riquezas e aumentaram muito sua capacidade de produzir mercadorias. Da disputa por mercados consumidores entre essas nações nasceu a rivalidade. E desta, a Primeira Guerra Mundial. Além da disputa por mercados, existiram também outras razões para a eclosão da guerra. Abaixo, as mais importantes: A rivalidade anglo-alemã: A origem dessa rivalidade entre a Inglaterra e a Alemanha foi a competição industrial e comercial. Em apenas três décadas, a contar de sua unificação, a Alemanha tornou-se uma grande potência industrial. Os produtos de suas fábricas tornaram-se mundialmente conhecidos, inclusive com enorme aceitação no mercado inglês. Fortalecida, a Alemanha passou a pressionar para que houvesse uma nova repartição do mundo colonial. A Inglaterra, por sua, vez, mostrava disposição em manter suas conquistas a qualquer custo. A rivalidade franco-alemã: Na França, o antigermanismo também era muito forte, devido à derrota francesa na Guerra Franco-Prussiana e à perda da Alsácia e da Lorena para a Alemanha. A rivalidade austro-russa: A Rússia desejava dominar o Império Turco-Otamano, a fim de obter uma saída para o mar Mediterrâneo, e, também, controlar a península Balcânica. Para justificar esse expansionismo, criou o pan-eslavismo movimente político segundo o qual a Rússia tinha o "direito" de defender e proteger as pequenas nações eslavas da península Balcânica. O nacionalismo da Sérvia: A Sérvia era uma pequena nação eslava independente, situada na região dos Bálcãs, que almejava libertar e unificar os territórios habitados pelos povos eslavos desta região. Opondo-se aos austríacos e aos turcos, a Sérvia aproximou-se cada vez mais da Rússia, que comprometeu-se a apoiá-la e a protegê-la militarmente. Quando, em 1908, a Áustria ocupou a Bósnia-Herzegovina, a Sérvia passou a conspirar abertamente contra a Áustria.

Nazismo
Após a Primeira Guerra Mundial, a Alemanha foi palco de uma revolução democrática que se instaurou no país. A primeira grande dificuldade da jovem república foi ter que assinar, em 1919, o Tratado de Versalhes que, impunha pesadas obrigações à Alemanha. À medida que os conflitos sociais foram se intensificando, surgiram no cenário político-alemão partidos ultranacionalistas, radicalmente contrários ao socialismo. Curiosamente, um desses partidos chamava-se Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (Partido Nazista) e era liderado por um ex-cabo de nome Adolf Hitler. As eleições presidenciais de 1925 foram vencidas pelo velho Von Hindenburg que, com a ajuda do capital estrangeiro, especialmente norte-americano, conseguiu com que a economia do país voltasse a crescer lentamente. Esse crescimento, porém, perdurou somente até 1929. Foi quando a crise econômica atingiu com tal força a Alemanha, que, em 1932, já havia no país mais de 6 milhões de desempregados. Nesse contexto de crise, os milhões de desempregados, bem como muitos integrantes dos grupos dominantes, passaram a acreditar nas promessas de Hitler de transformar a Alemanha num país rico e poderoso. Assim, nas eleições parlamentares de 1932, o Partido Nazista conseguiu obter 38% dos votos (230 deputados), mais do que qualquer outro partido. Valendo-se disso, os nazistas passaram a pressionar o presidente e este concedeu a Hitler o cargo de chanceler (chefe do governo). No poder, Hitler conseguiu rapidamente que o Parlamento aprovasse uma lei que lhe permitia governar sem dar satisfação de seus atos a ninguém. Em seguida, com base nessa lei, ordenou a dissolução de todos os partidos, com exceção do Partido Nazista. Em agosto de 1934, morreu Hindenburg e Hitler passou a ser o presidente da Alemanha, com o título de Führer (guia, condutor). Fortalecido, o Führer lançou mão de uma propaganda sedutora e de violência policial para implantar a mais cruel ditadura que a humanidade já conhecera. A propaganda era dirigida por Joseph Goebbles, doutor em Humanidades e responsável pelo Ministério da Educação do Povo e da Propaganda. Esse órgão era encarregado de manter um rígido controle sobre os meios de comunicação, escolas e universidades e de produzir discursos, hinos, símbolos, saudações e palavras de ordem nazista. Já a violência policial esteve sob o comando de Heinrich Himmler, um racista extremado que se utilizava da SS (tropas de elite), das SA (tropas de choque) e da Gestapo (polícia secreta de Estado) para prender, torturar e eliminar os inimigos do nazismo. No plano econômico, o governo hitlerista estimulou o crescimento da agricultura, da indústria de base e, sobretudo, da indústria bélica. Com isso, o desemprego diminuiu, o regime ganhou novos adeptos e a Alemanha voltou a se equipar novamente, ignorando os termos do Tratado de Versalhes.
New Deal
Com a promessa de combater os efeitos alarmantes da crise de 1929, Franklin Roosevelt foi eleito presidente dos Estados Unidos em 1932. Cumprindo o que prometera, pôs em prática um conjunto de medidas que ficaram conhecidas como New Deal. Adotando esse plano, o governo norte-americano deixava de se guiar pelas idéias liberais, como fizera até então, e passava a praticar o intervencionismo econômico. Entre as principais medidas do New Deal, cabe destacar: * Controle, pelo governo, da produção e dos preços de grande parte dos produtos industriais e agrícolas. * concessão de empréstimos a empresários rurais e urbanos que haviam falido; * construção de grandes obras públicas como usinas hidrelétricas, estradas e barragens, a fim de diminuir o desemprego e aumentar o consumo; * elevação dos salários, diminuição da jornada de trabalho, legalização de sindicatos e fixação de salários-mínimos; * criação do salário-desemprego e da assistência aos velhos e inválidos. Lentamente e com grande dificuldade, devido à extensão da crise, o New Deal conseguiu fazer com que a economia norte-americana voltasse a crescer.



Segunda Guerra Mundial
Antecedentes Os acordos de paz impostos pelos vencedores da Primeira Guerra eram espoliativos e humilhantes, já contendo em si os germes de um novo conflito. O Tratado de Versalhes, considerou a Alemanha "culpada pela guerra" e exigiu dela pesadas indenizações. Imperialismo Dispostos a destruírem a ordem nacional vigente, Japão, Itália e Alemanha adotaram, na década de 30, uma política declaradamente imperialista, contra a qual a Liga das Nações mostrou-se impotente. O avanço do Japão Cobiçando as matérias-primas e os vastos mercados da Ásia, o Japão reiniciou sua investida imperialista em 1931, conquistando a Manchúria, região rica em minérios que pertencia à China. O expansionismo da Itália Em outubro de 1935, a Itália de Mussolini afirmou seu imperialismo invadindo a Etiópia, país independente situado no nordeste da África. Diante disso, a Liga das Nações determinou que seus Estados-membros restringissem o comércio com a Itália. Essa proibição, não chegou a afetar a Itália, porque nações fortes como os Estados Unidos e a Alemanha continuaram a vender-lhe matérias-primas essenciais, como petróleo e carvão. A escalada da Alemanha Em 7 de março de 1936, a Alemanha começou a mostrar suas guarras ocupando a Renânia (região situada entre a França e a Alemanha). O próximo passo da Alemanha nazista foi juntar-se à Itália fascista e intervir na Guerra Civil Espanhola em favor das forças do general Franco. Logo em seguida, Hitler aliou-se formalmente com Mussolini, dando origem ao Eixo Roma-Berlim. Posteriormente, com a entrada do Japão essa aliança, formou-se o Eixo Roma-Berlim-Tóquio. Hitler realizou o anschluss, anexação da Áustria à Alemanha, em março de 1938. Para isso, os alemães contaram com total apoio dos nazistas austríacos. Em seguida, o Führer (líder) passou a exigir também os Sudetos, região da Tchecoslováquia onde viviam aproximadamente 3 milhões de alemães. O governo tcheco, decidiu resistir aos alemães. Para isso mobilizou suas tropas e pediu auxílio à França. A União Soviética, que tinha sido desprezada pela França, e pela Inglaterra, decidiu aproximar-se da Alemanha. Esta, por sua vez, viu vantagem na aproximação, pois em caso de guerra não precisaria ter de lutar em duas frentes. (URSS & países aliados) Assim em agosto de 1939, a Alemanha de Hitler e a União Soviética de Stálin firmaram entre si um pacto de não-agressão, que estabelecia, secretamente, a partilha do território polonês entre as duas nações. Com o sinal verde dado por Stálin, Hitler sentiu à vontade para agir. O número de mortos durante a guerra ultrapassou a marca de 50 milhões, número que, não soma os 28 milhões que foram mutilados.

Revolução Cubana
Cuba conseguiu libertar-se da Espanha em 1898, com um exército comandado por José Martí composto em sua maioria por ex-escravos que, apesar de portarem facões, venceram soldados armados de fuzis e baionetas. Apesar de politicamente independente, o país passou a ser quase totalmente dominado pelos norte-americanos. Estes compravam a maior parte do açúcar cubano, o principal produto de exportação da ilha, e se aproveitavam disso para impor sua tutela. Essa dominação foi oficializada em 1901, através da imposição da Emenda Platt, por meio da qual os norte-americanos se reservavam o direito de instalar bases militares no país e de intervir militarmente toda vez que considerassem seus interesses ameaçados. Quase toda a riqueza de Cuba estava nas mãos de poucas famílias nativas e de empresas norte-americanas instaladas no país. Enquanto isso, milhões de cubanos alimentavam-se mal, moravam em barracos e viviam de empregos temporários. Os camponeses, por exemplo, tinham trabalho garantido apenas entre dezembro e maio; e a imensa maioria não sabia ler. Foi nesse cenário marcado por intensa desigualdade social que um grupo de revolucionários, liderado pelo jovem advogado cubano Fidel Castro, iniciou uma luta sem tréguas contra o ditador Fulgêncio Batista (1934-1958). Depois de uma tentativa fracassada de chegar ao poder, os revolucionários embrenharam-se na Sierra Maestra e, apoiados pelos camponeses partiram para a guerra de guerrilhas. Em janeiro de 1959, quase dois anos depois de iniciada a guerrilha, Fidel e seus companheiros, entre os quais estava o médico argentino Ernesto “Che” Guevara, conseguiram conquistar o poder, obrigando Batista a fugir do país. As principais medidas do novo governo foram; • a reforma agrária com distribuição de terras a 200 mil famílias; • redução em 50% nos aluguéis, de 25% nos livros escolares e 30% das tarifas de eletricidade; • nacionalização de usinas, indústrias e refinarias. Os norte-americanos consideraram-se prejudicados por esta última medida. Como represaria, deixaram de comprar o açúcar cubano. O governo de Fidel firmou, então, acordos comerciais com os países do bloco comunista, passando a vender o açúcar para eles. Os EUA reagiram rompendo relações diplomáticas com Cuba em janeiro de 1961. Três meses depois, 1.500 homens treinados pela Agência Central de Inteligência norte-americana (CIA) invadiram a baía dos Porcos, no litoral sul de Cuba, com o apoio aéreo dos Estados Unidos. A invasão da baía dos Porcos fracassou e centenas de norte-americanos foram presos. Em 1962, ocorreu a “Crise dos Mísseis”, quando o então presidente norte-americano John Kennedy bloqueou a ilha por mar, ameaçando invadi-la sob a alegação de que os soviéticos tinham ali instalado mísseis nucleares. O conflito foi resolvido por meio de um acordo entre os EUA e a URSS que determinava a retirada dos mísseis soviéticos, em troca do compromisso de os norte-americanos não invadirem a ilha. Neste mesmo ano, Cuba foi expulsa da OEA (Organização dos Estados Americanos) sob a alegação de que estava exportando os ideais socialistas para todo o continente. Com isso, os EUA visavam isolar o governo de Fidel Castro. Entretanto, nas décadas seguintes os países latino-americanos foram reatando pouco a pouco suas relações com Cuba.

Fim da União Soviética
A União Soviética, como vimos, foi dos países mais duramente atingidos pela Segunda Guerra Mundial. E também foi um dos que mais contribuíram para a vitória dos Aliados sobre o nazi-fascismo. No pós guerra, o governo soviético chefiado por Stálin concentrou seus esforços na reconstrução do país. E, em poucos anos, por meio de um rigoroso planejamento econômico, conseguiu levar a União Soviética à condição de segunda potência mundial. No plano político à ditadura que havia implantado quando subiu no poder na década de 30. A ditadura stalinista prendia e torturava seus opositores, mandando-os para trabalhos forçados na Sibéria, internando-os em hospitais psiquiátricos ou fuzilando-os. Além disso, manteve rígida censura sobre os meios de comunicação. Em 1953, depois de governar o país por 29 anos, Stálin morreu e foi sucedido por Nikita Kruschev(1953-1964), Brejnev (1964-1982) e Gorbatchev (1985-1991). Os problemas econômico e institucionais acumulados levaram às reformas de Gorbatchev, denominadas Perestroika e glasnost. No entanto, Gorbatchev perdeu o controle do processo desencadeado e a URSS deixou de existir, substituída pela CEI e por vários outros países. Seu desaparecimento levou ao fim dos governos socialistas no Leste Europeu e à reunificação das duas Alemanhas.

Guerra Ultramar
Termo também conhecido como Guerra Colonial, foi um confronto entre as forças armadas de Portugal e as forças organizadas de suas colônias Guiné, Angola e Moçambique. Tal guerra ocorreu pelo fato de em 1945 quando a ONU foi criada, ficou determinado que as colônias se tornassem independentes, Portugal não concordando revidou que suas colônias faziam parte do país.
As colônias, que por sua vez queriam liberdade e independência, formaram um movimento a fim de conseguir essa autonomia. Em 04 de fevereiro de 1961, os movimentistas da Angola começaram as reivindicações a partir de um ataque à cadeia de Luanda.
Em janeiro de 1963, foi a vez dos movimentistas de Guiné que iniciou uma espécie de guerrilha atacando um quartel. Em 24 de setembro de 1964, Moçambique iniciou seus ataques num posto administrativo denominado Chai.
Portugal, ao tomar conhecimento do ocorrido, enviou cerca de 900.000 soldados à África para auxiliar as tropas lá existentes. A guerra durou treze anos e causou grandes conseqüências ao país como: isolamento dos demais países, crise econômica, queda do Estado Novo, soldados amputados e à mercê e mais de dez mil soldados mortos.
A guerra só se findou em 25 de abril de 1974 quando Portugal sofreu um golpe militar de esquerda planejado por alguns oficiais portugueses que extorquiram o governo e o forçou a conceder as independências coloniais.

Escândalo de Watergate
Na década de 70, o presidente norte-americano Richard Nixon se esforçava para ser reeleito nos Estados Unidos. No dia 17 de junho de 1972, cinco homens de seu partido (Republicano), usando terno e gravata, arrombaram a sede do partido rival (Democrata). Os objetivos dos agentes republicanos era espionar a sede do partido e desestabilizar a campanha de oposição dos democratas. Porém, chamada por vigias, a polícia chegou e prendeu todos os agentes que faziam a espionagem pela madrugada. A notícia se alastrou por todos os jornais americanos, porém por falta de provas, perdeu a consistência e acabou sendo esquecido pela imprensa. O caso somente tomou proporções maiores quando o jornal americano The Washington Post investigou profundamente os fatos e chegou à conclusão de que o presidente Nixon tinha conhecimento e estava envolvido no caso. Tudo isso levou ao maior escândalo político da história dos Estados Unidos, conhecido por Watergate (o nome do edifício da sede dos democratas). Quanto mais Nixon tentava impedir as investigações e abafar o caso, mais ele se complicava, até que em 1974 foi obrigado a renunciar para escapar do impeachment.


Idade Média


Império Bizantino
História do Império Bizantino
Constantino fundou Constantinopla (hoje Istambul) em 330, no lugar onde existia a colônia grega de Bizâncio. Seu primeiro nome foi Nova Roma. A localização geográfica era privilegiada: entre Europa e Ásia, na passagem do Mar Egeu para o Negro, cercada de águas por três lados e protegida por muralhas. Estes fatores contribuíram para a longa duração do império Romano do Oriente, criado por Teodósio em 395. A cidade só caiu em 1453 porque Maomé II destruiu-lhe as muralhas com poderosos canhões, fabricados por engenheiros saxões. Constantinopla representava a síntese dos mundos greco-romano e oriental. Enquanto o Império ocidental, ruía, mantinha a unidade do oriental, que abrangia Península Balcânica, Ásia Menor, Síria, Palestina, norte da Mesopotâmia e nordeste da África. Justiniano, a lei e a Igreja O Império Bizantino atingiu o máximo esplendor no governo de Justiniano (527-565), macedônio filho de camponeses, sobrinho do general Justino, que se havia tornado imperador através de um golpe militar. Justiniano casou com uma atriz, Teodora, que exerceu decisiva influência sobre a administração, orientando muitas decisões do marido. Justiniano, o legislador, mandou elaborar o Digesto, manual de Direito, coletânea de leis redigidas por grandes juristas; as Institutas, que reuniam os princípios fundamentais do Direito Romano; e o Código Justiniano. As três obras foram reunidas no Corpo do Direito Civil. Justiniano, o teólogo, procurou unir o mundo oriental e o ocidental pela religião. Em sua época, uma heresia voltou, sob a forma do monofisismo. Era a doutrina de Nestório. Seus adeptos afirmavam que Cristo tinha apenas natureza divina; ao contrário da tese do papa Leão I, aprovada em 451 no Concílio Ecumênico de Calcedônia, estabelecendo que Cristo tinha duas naturezas em uma só pessoa: a humana e a divina.
O monofisismo comportava aspectos políticos e manifestava-se como reação nacionalista contra o Império Bizantino. Por isso era mais forte na Síria e no Egito, regiões dominadas por Constantinopla. Os hereges tinham um forte aliado: a imperatriz Teodora. Justiniano queria uma Igreja unificada, para usá-la como apoio de seu governo. Isto explica seu cesaropapismo, isto é, a intervenção na Igreja. Para não desagradar ao papa, tentou conciliar a heresia com a ortodoxia. Mas acabou pondo sua influência, o próprio papa e a Igreja do Ocidente passou a assumir traços da Igreja do Oriente. A revolta Nika Gastos militares forçaram a elevação dos impostos. A população de Constantinopla odiava os funcionários do fisco. Em 532 explodiu a revolta Nika (do grego nike, vitória, que os revoltosos gritavam). Verdes e Azuis, os dois principais partidos políticos e esportivos que concorriam no hipódromo, rebelaram-se, instigados por aristocratas legimistas (partidários da dinastia legítima, já que Justiniano fora posto no trono pelo tio, usurpador do poder). A firmeza de Teodora e a intervenção do general Belisário salvaram Justiniano. Os revoltosos foram cercados e mortos no hipódromo. Política externa e mais problemas Justiniano procurou reconstruir todo o Império. Estabeleceu "paz perpétua" com os persas e conteve o avanço búlgaro. Então, iniciou as guerras de conquista no Ocidente. Belisário reconquistou a África, trabalho facilitado pelas disputas entre arianismo e cristianismo que atingiam os vândulos. Houve problemas maiores na Itália. Os ostrogodos a dominavam havia tempos, até com apoio de imperadores romanos do Oriente. Justiniano de novo se impôs à custa da divisão, agora entre os sucessores de Teodorico, fundador do Reino Ostrogótico da Itália. Em 524, os bizantinos conquistaram a Espanha meridional aos visigodos.
A reconstrução durou pouco. Os lombardos, povos germânicos que Justiniano tinha estabelecido na Polônia, ocuparam o norte da Itália. África e Espanha cairiam nas mãos dos árabes, que anexariam também Egito, Palestina, Síria e Mesopotâmia.
Outros problemas sobrevieram. A falta de dinheiro atrasava o salário dos soldados. Pestes e ataques bárbaros faziam aumentar o poder dos proprietários, pois o governo era incapaz de garantir a segurança. Constantinopla, cansada de impostos e autoritarismo, recebeu a morte de Justiniano com júbilo. Mas as dificuldades cresceram nos séculos seguintes. Árabes e búlgaros intensificaram as tentativas de entrar no Império, que se viu às voltas com uma disputa religiosa, o Movimento Iconoclasta, isto é, destruidor de imagens (ícones). O imperador queria obrigar o povo a adorar só a Deus, de imagem irrepresentável. O Império Bizantino orientalizou-se, até abandonou o latim em favor do grego. No século XI, declinou, mas se recuperou; sobreviveria até o fim da Idade Média. A cultura bizantina A posição geográfica favoreceu o desenvolvimento comercial e industrial de Constantinopla, que possuía numerosas manufaturas, como as da seda. A maior realização cultural de Justiniano foi a igreja de Santa Sofia, simples por fora, suntuosa por dentro: a cúpula apoiada em colunas, terminadas em capitéis ricamente trabalhados. Artistas revestiram-na de mosaicos azul e verde sobre fundo negro, com figuras geométricas ou animais e, destacadas, cenas do Evangelho e a imagem de Cristo. Ravena, sede bizantina na Itália, era um dos centros produtores de belíssimos mosaicos. A arte bizantina combinava o luxo e a exuberância orientais com o equilíbrio e a sobriedade dos romanos. Sua mais alta expressão está nas igrejas, inspiradas na arquitetura persa, coroadas de majestosas cúpulas, distintas do estilo das basílicas romanas.

Feudalismo
História do Feudalismo O feudalismo era um sistema de organização econômica, política e social da Europa Ocidental durante a Idade Média. Com as invasões bárbaras e a desagregação do Império Romano a partir do século V, a Europa inicia profunda reestruturação, marcada por descentralização do poder, ruralização e emprego de mão-de-obra servil. Com começo e fim graduais, o sistema feudal tem sua origem mais bem situada na França setentrional dos séculos IX e X e seu desaparecimento no século XVI. Apesar de constituir um sistema fechado, que chega ao fim com a revisão de quase todos os seus valores pelo Renascimento, o feudalismo é um dos alicerces do Estado ocidental moderno. Os grandes conselhos de reis e de seus feudatários são os ancestrais diretos dos modernos parlamentos. O feudalismo predominou na Europa durante toda Idade Média e segundo o téorico iluminista escocês, Lord Kames, o feudalismo é precedido pelo nomadismo e em certos locais do mundo pode ser sucedido pelo capitalismo. Sociedade A estrutura social é estabelecida com base nas relações de dependência pessoal, ou vassalagem, que abrangem desde o rei até o camponês livre. Há uma relação direta entre autoridade e posse da terra. O vassalo, ou subordinado, oferece ao senhor, ou suserano, fidelidade e trabalho em troca de proteção e de um lugar no sistema de produção. Os camponeses, que trabalham nas terras dos senhores feudais, são os responsáveis por toda a atividade produtiva do feudo. Além de produzir para seu sustento, devem obrigações a seu senhor, como a corvéia, que consiste no trabalho gratuito e obrigatório durante três dias da semana. Devem também impostos, que são pagos em produtos ou dinheiro. Os senhores feudais formam a nobreza rural e têm poder para fazer os servos e os camponeses livres cumprirem as normas vigentes. Vivem em castelos fortificados, a melhor representação de seu poder civil e militar. Os cavaleiros armados garantem o domínio do senhorio sobre a terra. Economia O feudo constitui a unidade territorial da economia feudal. Caracteriza-se pela auto-suficiência econômica e pela ausência quase total do comércio e de intercâmbios monetários. A produção é predominantemente agropastoril, voltada para a subsistência, e as trocas são feitas com produtos, não com dinheiro. As cidades deixam de ser centros econômicos, os ofícios e o artesanato passam a se realizar nos próprios castelos. Influência da Igreja A Igreja Católica integra-se ao sistema feudal por meio dos mosteiros, que reproduzem a estrutura dos feudos. Transforma-se também em grande proprietária feudal, detém poder político e econômico e exerce forte controle sobre a produção científica e cultural da época. As Principais Guerras no Feudalismo Durante o feudalismo, aconteceram algumas guerras, a principal delas foi encorajada pela Igreja Católica com o desejo de libertar a terra santa das mãos dos infiéis, essa guerra é conhecida como as cruzadas.


A Igreja e o Sacro Império
A ruralização da economia medieval levou a Igreja ao campo. Bispos e abades se transformaram em senhores feudais. A Igreja também tinha o monopólio da cultura, pois saber ler e escrever eram privilégio de bispos, padres, abades, monges. Os membros do clero passaram a participar da administração pública, e a Igreja ocupou lugar de grande importância na sociedade. O Poder papal e Gregório I Em 325, o Concílio de Nicéia impôs a igualdade entre os patriarcas de Jerusalém, Alexandria, Antioquia e Roma. Mas o bispo de Roma já tinha autoridade especial, vinda de São Pedro. Teodósio, imperador que oficializou o cristianismo, foi quem empregou a palavra papa. Decretos imperiais legalizaram o poder papal. Entre 440 e 461, governou Leão I, fundador da primazia de Roma. O Egito de Valentiniano III confirmou a primazia do bispo de Roma no Ocidente.
A figura mais importante do papado no início da Idade Média foi Gregório I, ou Magno (590-604). Primeiro papa monge, intitulava-se Servidor dos Servidores de Deus. Aproveitou-se da falência imperial na Itália para assumir o poder temporal. Desligou-se da influência bizantina e aproximou-se dos germânicos. Visigodos, suábios e lombardos se converteram. Agostinho foi à Inglaterra e converteu os anglo-saxões.
Os escritos de Gregório Magno instruíram o clero e fortaleceram a religiosidade dos fiéis. Sua Regra Pastoral serviu de manual para os padres em toda a Idade Média. Compôs hinos e introduziu o cantochão (gregoriano), calmo e grave, que transformou a música sacra.
Os sucessores de Gregório continuaram seu trabalho. São Bonifácio converteu até os pagãos mais renitentes da Germânia. Na metade do século VIII, o Ocidente e a Germânia professavam a fé cristã, e toda a Igreja estava submetida à Santa fé.


Invasões Bárbaras
1. OS GRUPOS BÁRBAROS: * Tártaro-mongóis: hunos, turcos, búlgaros, húngaros(magiares). * Eslavos: russos, poloneses, tchecos, sérvios. * Germanos: visigodos, ostrogodos, hérulos, anglos, saxões, lombardos, vândalos, francos. 2. BÁRBAROS: - para os romanos, bárbaros eram todos aqueles que não tinham a cultura romana, que estavam fora das fronteiras do Império. 3. ORGANIZACÃO SOCIAL DOS POVOS BÁRBARO-GERMANOS: - economia amonetária e natural. - caça, pesca saques, pastoreio, agricultura rudimentar. - propriedade coletiva da terra. - divididos em tribos. - ágrafa. - direito consuetudinário (baseado nos costumes e na oralidade). - religião politeísta. - o contato com o império romano fez aparecer à propriedade privada da terra e a desigualdade social. 4. AS INVASÕES BÁRBARAS: * Tipos: - como colonos. - recrutados para integrar o exército romano. - invasões (séc. IV e V): confrontos armados e guerras trouxeram destruição e morte, contudo, contribuíram para o surgimento da sociedade européia ocidental. + migrações (séc. III e IV) + os hunos pressionaram os germanos a penetrar no Império Romano. + fragmentação do Império Romano do Ocidente. 5. OS REINOS ROMANO-GERMÂNICOS: - Frágeis e efêmeros. • Reino dos Suevos. • Reino dos Visigodos. • Reino dos Borgúndios. • Reino dos Ostrogodos. • Reino dos Vândalos. • Reino dos Francos. O REINO FRANCO 1. LOCALIZAÇÃO: - Gália. 2. UNIFICAÇÃO POLÍTICA: * Clóvis: - Converteu-se ao cristianismo, estabeleceu uma aliança com a Igreja e obteve o apoio dos católicos galos-romanos. - Promoveu a unificação política das tribos francas, fortaleceu a autoridade do rei e estimulou a integração de francos e romanos. - Iniciou a Dinastia Merovíngia. - feudalização da Europa. - ruralização da economia. - fortalecimento do poder dos proprietários de terras. - distribuição de terras como recompensa de serviços prestados. - perda de autoridade da dinastia merovíngia.
* Reis Indolentes: - não se interessavam em comandar a administração do reino. - o poder efetivo passou a ser exercido pelo majordomus (alto funcionário da corte: prefeito do palácio, mordomo do paço ou primeiro-ministro). + Pepino de Heristal: poder efetivo. + Carlos Martel: deteve o avanço muçulmano na Europa (Batalha de Poitiers). + Pepino, o Breve: obteve uma aliança com a Igreja e afastou o último rei merovíngio (Childerico III), tornando-se rei dos francos e iniciando a dinastia carolíngia. Apoiou o papado na luta contra os lombardos e doou a Igreja territórios no centro da Itália, chamados de Patrimônio de São Pedro (Estados Pontifícios) reforçou o poder temporal da Igreja. • Carlos Magno (centralização política): - expandiu as fronteiras do reino franco.
- concessão de benefícios (terras) em troca de fidelidade processo de feudalização. - apoio da Igreja, expansão do cristianismo e coroação como imperador (Império Carolíngio). - divisão do império em condados, ducados e marcas. - missi dominici: inspetores reais. - Capitulares: leis imperiais primeiras leis escritas da Idade Média. - Renascimento Carolíngio: desenvolvimento cultural (letras e artes): sábios, escolas (Escola Palatina), preservação da cultura greco-romana. * Luís, o Piedoso. - disputas (batalhas) entre os filhos por causa da sucessão. + Tratado de Verdun (843): - divisão do império carolíngio: Luís, o Germânico (parte oriental ou Germânia), Carlos, o Calvo (parte ocidental ou França) e Lotário (parte central ou da Itália até o mar do Norte = Lotaríngia).
- rompimento da unidade imperial e fragmentação territorial. - enfraquecimento do poder real. - fortalecimento da autonomia dos condes, duques e marqueses  processo de feudalização. - na parte oriental, em 936, Oto I tomou o trono e, com o apoio da Igreja, em 962 foi coroado imperador do Sacro Império Romano Germânico. - na parte ocidental, em 987, Hugo Capeto, assumiu o poder e iniciou a dinastia capetíngia. - a Lotaríngia foi conquistada por Oto I. 3. RURALIZAÇÃO DA ECONOMIA: Processo de Feudalização. • Fatores: - Crise do escravismo no Império Romano: Colonato. - As invasões germânicas. - as concessões de benefícios aos nobres em troca de fidelidade. - o Tratado de Verdun. - as invasões dos árabes. - as invasões dos vikings, árabes e húngaros (magiares) nos séculos IX e X. A IGREJA MEDIEVAL 1. ORIGEM DO CRISTIANISMO: - surgiu na Palestina. - originou-se do Judaísmo. - na época do Alto Império Romano. - difusão pelos territórios do Império Romano. - no início os cristãos foram perseguidos. - no século IV d.C, foi legalizado e oficializado. 2. TEOCENTRISMO CRISTÃO: * Igreja - maior instituição medieval (feudal). - hegemonia ideológica e cultural. - impôs valores teológicos: cultura teocêntrica. - preservou a herança (patrimônio) cultural greco-romana. - controle da educação. - justificava a ordem feudal. - pregava a tripartição funcional e clerical da sociedade medieval: clero (rezar), nobreza (combater) e servos (trabalhar). - organização hierárquica. - converteu os bárbaros e os integrou aos romanos. - nos reinos romano-germânicos vai exercer várias funções (políticas, administrativas), (culturais espirituais). - ética econômica: combatia o comércio, o lucro e a usura. 4. CLERO: • Secular: papa bispos, padres contato com o mundo, a vida, as pessoas. • Regular: abades e monges surgiu em reação ao desregramento do clero secular. 5. MOVIMENTO MONÁSTICO: * Ordem Beneditina São Bento - “Regra”: castidade, caridade, pobreza, oração e trabalho. - Conversão dos camponeses. - Preservação da cultura grego-romana: monges copistas. - Aprimoramento das atividades agrícolas e artesanais. 6. TRIBUNAIS DA INQUISICÃO: - para combater as heresias (idéias ou ações contrárias aos dogmas da Igreja). - Descobrir e julgar os heréticos. - Punições: confisco de bens, excomunhão, torturas ou morte nas fogueiras. - Combater os movimentos contrários à ordem social dominante. 7. CISMA DO ORIENTE (1054):
- oposição entre o papa de Roma e os patriarcas do Oriente (Constantinopla). - Resistência oriental a estrutura pontifícia: antagonismo. - Criação da Igreja Ortodoxa no Oriente. - Igreja Católica Apostólica Romana no Ocidente. 8. A QUERELA DAS INVESTIDURAS (1085-1122): • conflito entre o poder temporal (imperador – Henrique IV) e o poder espiritual (papa – Gregório VII). • Motivos: o cesaropapismo (supremacia do imperador sobre a Igreja), o nicolaísmo (desregramento do clero), a simonia (comércio dos bens da Igreja), o celibato e proibição das investiduras leigas. • Gregório VII: movimento reformista Ordem de Cluny. • Henrique IV: Sacro Império Romano-Germânico. • O imperador depôs o papa. • O papa excomunga o imperador. • Concordata de Worms (1122): solucionou o conflito limitando o poder do imperador e afirmando a supremacia do papado poder espiritual saiu vitorioso sobre o secular. O FEUDALISMO 1. CONCEITO: - Modo de Produção que vigorou na Europa Ocidental durante a Idade Média e que se caracteriza pelas relações servis de produção. 2. ORIGENS: • Romanas: - Clientela: relação de dependência pessoal entre indivíduos. - Colonato: fixação do colono a terra. - Precarium: entrega de terras a um grande senhor em troca de proteção. - Vilas: unidades econômicas (grandes propriedades agrárias). • Germânicas: - Economia agropastoril. - Comitatus: relações de fidelidade entre o chefe e seus guerreiros. - Beneficium: concessões de terras em troca de fidelidade. - descentralização política. 3. ECONOMIA: - agrária e rural. - auto-suficiente. - feudo: unidade de produção propriedade feudal ou senhorial. - pouco uso de moeda. - comércio reduzido localizado. - baixo nível técnico. - sistema trienal de rotação de culturas: preservação do solo. 4. SOCIEDADE: • estamental, hierarquizada, estratificada e clerical. * Clero: membros da Igreja rezar controlador da ideologia medieval. * Nobreza: posse territorial combater cavalaria (honra, desprendimento e destreza, lealdade e heroísmo) controlava o poder feudal. * Servos: camponeses presos (vinculados, ligados) a terra, explorados, obrigados a prestar serviços (trabalhar) e pagar impostos em troca do uso da terra e de proteção militar # vilões. 5. POLÍTICA: * Descentralização política: fragmentação do poder em função do parcelamento das terras. - particularismos feudais: senhores feudais poder. - o rei exercia pouca influência. - guerras contínuas: invasões e disputas pelo poder. - direito de governar era um privilegio de todo possuidor de feudo, implicando este privilégio obrigações muito definidas, cuja violação podia acarretar a perda do feudo. - direito consuetudinário.  Monarquias Feudais: poder particularizado, laços de dependência pessoal, caráter simbólico do poder real e fragmentação político-territorial. 6. A DIVISÃO DO FEUDO: Mansos ou reservas. • Manso senhorial (domínio): uso exclusivo do senhor feudal. • Manso servil: arrendada aos servos e dividida em tenências. • Manso comunal: terras comuns (pastos, bosques, florestas). 7. OBRIGAÇÕES SERVIS: relações servis. - relações de exploração e dependência senhores e servos. • corvéia: dias de trabalho semanal gratuito dos servos no manso senhorial a produção era do senhor feudal. • talha: divisão da produção servil no manso servil. • banalidades: taxas pagas pelos servos pela utilização das instalações do feudo (celeiro, moinho, forno). • capitação: imposto pago por cada servo individualmente. • tostão de Pedro: imposto pago para manter a capela. • mão-morta: imposto pago para transferir o lote de um servo falecido para seus herdeiros. • formariage: taxa paga para se casar. • albergagem: alojamento e produtos para os senhores em viagem. 8. RELAÇÕES FEUDO-VASSÁLICAS: relações vassálicas. - relações de dependência pessoal e de obrigações recíprocas. - suserania e vassalagem: nobre e nobre. - suserano: doava a terra (beneficium) proteção. - vassalo: recebe a terra fidelidade, auxílio nas guerras, pagamento de resgate. - homenagem (cerimônia): juramento de fidelidade. - ajuda (auxilium) e consulta (consilium) mútuas. 9. A IGREJA: • Teocentrismo Cristão. - maior instituição medieval. - poder e riqueza. - organização hierárquica. - herança cultural greco-romana. - hegemonia ideológica. - cultura teocêntrica. - justificava a ordem feudal. BAIXA IDADE MÉDIA 1. CARACTERÍSTICAS: • transformações na sociedade feudal: início da crise do feudalismo. + início da superação das estruturas feudais. + progressiva estruturação de um novo modo de produção, o capitalismo. + surgimento de uma economia comercial: dinamismo comercial. + surgimento de um novo grupo social, a burguesia. + centralização do poder real. + declínio do modo de produção servil. + desenvolvimento do trabalho livre (relações assalariadas). + economia monetária. + estruturação das monarquias nacionais feudais. + produção de excedentes para serem comercializados. + iniciaram-se as mudanças na Europa Ocidental que, a seguir, desencadearam o processo de montagem do sistema capitalista. + a articulação entre as três “esferas” de poder (universal, da Igreja; local, dos senhores feudais; e, nacional, dos reis) é um dos traços políticos distintivos da Baixa Idade Média. Em seu período final, esta articulação se dará em prejuízo dos poderes locais e do poder universal do papa e em benefício do poder do Estado-Nação (rei). 2. CRESCIMENTO DEMOGRÁFICO: • Motivos: o fim das invasões e a diminuição das epidemias. • produção limitada: tributação e técnicas rudimentares não atendia ao consumo. • marginalização social: expulsão do excedente populacional do feudo. - ocupação das aldeias e cidades. - saques. - batalhas feudais: belicosidade. - Paz de Deus: proteção aos lavradores, viajantes e mulheres. - Trégua de Deus: limitava os dias de combate no ano e proibia os combates de sexta à segunda-feira e em dias de festa. • aperfeiçoamento das técnicas agrícolas: arado de ferro, atrelamento peitoral, ferraduras, moinho hidráulico, charrua. • expansão dos limites do espaço agrícola: pastos e bosques expansão agrícola. • expansão territorial: expansão germânica para o leste, Guerra de Reconquista e Cruzadas.


Idade Antiga

Egito Antigo
As enchentes periódicas do Nilo fertilizavam as terras ao longo do vale e também causava inundações, o que obrigou seus habitantes a represar e distribuir as águas. Esse trabalho intenso e organizado levou à criação de uma civilização. Inicialmente, dividia-se em Alto Egito (vales) e Baixo Egito (deltas). Religião do Antigo Egito
De religião politeísta, os egípcios adoravam deuses antopormófica (sob a forma humana) e antropozoomórfica( corpo humano com a cabeça de um animal). O deus mais importante era Rá (depois Amon-Rá), mas o mais popular era Osíris. Acreditando que os mortos podiam voltar à vida, desenvolveram a mumificação. Período Pré-Dinástico De 4.000-3.200 a.C., foram construídas as pirâmides de Queóps, Quéfren e Miquerinos. Essas obras custaram tanto esforço e sacrifício que a população rebelou-se. A nobreza de Tebas restabeleceu a autoridade do faraó e teve início ao Médio Império(2100-1750 a.C.). Foi uma época de prosperidade, mas as revoltas internas facilitaram a vitória dos hicsos, que dominaram o Egito por 150 anos. A expulsão dos hicsos deu início ao Novo Império (1580-525 a.C.), marcado por uma política guerreira e expansionista. Nesse período ocorreu a ocupação dos persas. Sociedade A sociedade era dividida em camadas sociais rígidas: a dos privilegiados (sacerdotes, nobres, funcionários) e a dos populares (artesãos, camponeses e escravos.) Economia A economia baseava-se na agricultura (trigo, cevada, linho, algodão, legumes, frutas e papiro), na criação (bois, asnos, gansos, patos, cabras e carneiros), na mineração (ouro, cobre e pedras preciosas) e no artesanato. A mulher, a família e o Casamento no antigo Egito A visão da mulher institucionalizada no Antigo Egito aparece claramente em alguns textos chamados de Instruções de Sabedoria. Os escribas aconselhavam aos egípcios a se casarem cedo e terem muitos filhos, além de abordar o cuidado que um homem deve ter com as mulheres estranhas e belas.

Mesopotâmia
Entre a Ásia, a África e Europa, uma região fertilizada pelas inundações periódicas de dois grandes rios viveu muitos povos que foram obrigados a desenvolver obras de engenharia. Para coordenar sua realização surgiu o Estado. Essa região foi chamada Mesopotâmia e dominada, sucessivamente pelos sumérios, acádios, amoritas, assírios e caldeus. Os sumérios fixaram-se no sul da Mesopotâmia em 3500 a.C. Agricultores e criadores de gado desenvolveram a escrita cuneiforme e os veículos sobre rodas. Em 2300 a.C., os acádios dominaram os sumérios graças ao uso do arco e flecha, mas trezentos anos depois foram dominados pelos amoritas (antigos babilônicos), cuja principal criação foi os primeiros códigos de leis escritos da História ---- o Código de Hamurabi. No século VIII a.C., os amoritas foram dominados pelos assírios, que haviam desenvolvido um poderoso exército usando armas de ferro, carros de combate e aríetes. Além da Mesopotâmia, dominaram a Síria, Fenícia, Palestina e Egito. Em 612 a.C., foram vencidos por uma aliança entre caldeus e medos. Os caldeus (novos babilônicos) reconstruíram a Babilônia, mas sua dominação durou pouco: em 539 a.C. foram vencidos pelos persas de Ciro, o Grande, que libertou os judeus do cativeiro da Babilônia. A economia da Mesopotâmia baseava-se principalmente na agricultura, mas os povos da região desenvolveram também a criação de gado, o artesanato, a mineração e um ativo comércio à base de trocas que se estendia à Ásia menor, ao Egito e à Índia. Sua organização social formava uma pirâmide que tinha no topo os membros da família real, nobres, sacerdotes e militares. A base era composta por artesões, camponeses e escravos. A religião era politeísta e os deuses antropomórficos. Destaca-se o deus do Sol, Shamach; Enlil, deus do vento e das chuvas; e Ishtar, a deusa do amor e da fecundidade. Não acreditavam na vida após morte e não se preocupavam com os mortos, mas acreditavam em demônios, gênios, espíritos bons, magias e adivinhações. A importância que atribuíam aos astros levou-os a criar o zodíaco e os primeiros horóscopos.


Os Persas
A Pérsia situava-se a leste da Mesopotâmia, no extenso planalto do Irã. Ao contrário das regiões vizinhas, possuía poucas áreas férteis. A partir do ano 2000 a.C., a região foi sendo ocupada por povos pastores e agricultores, vindos da Rússia. O Império Persa
Desde o século VIII a.C., os medos tinham constituído um reino e possuíam um exército ágil e organizado. Valendo-se disso, submeteram os outros povos iranianos, inclusive os persas, cobrando-lhes tributos. Essa situação prolongou-se até 550 a.C., o príncipe Ciro, o Grande, liderou uma rebelião contra os medos e saiu vitorioso. Com o objetivo de obter riquezas e resolver problemas causados pelo aumento da população e pela baixa produção agrícola local, Ciro, o Grande, deu início ao expansionismo persa. Em poucos anos, o exército persa apoderou-se de uma imensa área. Ciro tornou-se, então, o imperador do Oriente Antigo. Dario I dividiu o Império Persa em províncias e nomeou administradores de sua confiança. No Império, as comunicações, o comércio e o deslocamento de tropas eram facilitados por grandes estradas. Dario e Xerxes foram derrotados ao tentarem conquistar a Grécia. Essas derrotas, somadas às rebeliões dos povos dominados e às disputas pelo poder, enfraqueceram o Império Persa, que foi conquistado por Alexandre da Macedônia em 330 a.C. A religião Dualista dos Persas
Os persas criaram o zoroastrismo, uma religião dualista que acreditava na existência de dois deuses: Ormuz (Bem) e Arimã (o Mal). Os princípios do zoroastrismo foram reunidos num livro, o Zend Avesta. Vários deles influenciaram o judaísmo e o cristianismo.

Grécia Antiga
A civilização grega, considerada por muitos como a principal matriz da civilização ocidental, teve como berço a Grécia Antiga, uma área com cerca de 77.000 k que abrangia três importantes regiões:
* a Grécia Asiática: uma comprida e estreita faixa de terra situada na Ásia menor; * a Grécia Insular: ilhas dos mares Jônio e Egeu (entre as quais a maior é Creta); * a Grécia Continental: sul da península Balcânica. Condições geográficas A Grécia Continental possui um relevo bastante acidentado. Cerca de 80% de seu território é formado por montanhas, enquanto o restante é constituído por planaltos e planícies. A maior parte do seu solo é árido e rochoso e, portanto, impróprio para a agricultura. Por isso desde cedo serviu em grande parte para a criação de cabras, ovelhas, vacas, porcos e cavalos. Na suas poucas planícies, os gregos cultivavam principalmente cereais como trigo e cevada.
O solo da Grécia, entretanto, é rico em argila, mármore, cobre e prata, matérias com os quais os gregos antigos produziam uma grande variedade de manufaturas, que posteriormente trocavam por alimentos.
O litoral grego, por sua vez, é bastante recordado, possuindo um grande número de baías, ilhas e excelentes portos naturais. Todas essas condições geográficas tiveram grande influência sobre a história da Grécia Antiga: seu relevo montanhoso dificultou enormemente as comunicações internas e favoreceu a formação de inúmeras cidades politicamente independentes (cidades-Estados). Já o seu vasto litoral facilmente navegável estimulou de modo extraordinário o crescimento da navegação e do comércio marítimo. Povoamento O povoamento da Grécia Antiga foi lento. Os povos que mais contribuíram para esse processo foram os aqueus, os jônios, os eólios e os dórios. Os aqueus, os primeiros a chegar, conseguiram conquistar a ilha de Creta, outras ilhas do mar Egeu e Tróia, cidade comercialmente desenvolvida que servia de porta de entrada para o mar Negro. Com essas conquistas, os aqueus passaram a influenciar todo o Mediterrâneo Oriental. No século XII a. C., ocorreram as invasões dos dórios, um povo violentíssimo que arrasou as principais cidades aquéias, provocando um acentuado declínio da vida urbana da Grécia Continental. A partir daí, a movimentada e interessante história da Grécia Antiga, pode ser dividida em quatro períodos:
Grécia Período Homérico
As principais fontes escritas sobre esse período são a Ilíada e a Odisséia, dois longos poemas atribuídos a Homero. A Ilíada descreve episódios verídicos e imaginários da Guerra de Tróia (Tróia em grego é ilion, daí Ilíada). Já a Odisséia conta o regresso de Ulisses da Guerra de Tróia (outro personagem importante desse poema é Penélope, a esposa de Ulisses que aguarda seu retorno). Dos génos à sociedade de classes Nos tempos homéricos a sociedade grega estava organizada em génos, ou seja, em grandes famílias cujos membros descendiam de um único antepassado; cultuavam, também, o mesmo deus-protetor.
Cada génos era chefiado por um patriarca, que concentrava em suas mãos o poder militar, político, religioso e jurídico.
A economia dos génos era natural e auto-suficiente. Natural porque se baseava em trocas de produtos por produtos. Auto-suficiente porque cada uma dessas comunidades produzia o necessário para atender às suas próprias necessidades. A propriedade da terra era coletiva. No final dos tempos homéricos, o crescimento da população, a falta de alimentos e de terras férteis começaram a causar violentos conflitos no interior dos génos. Seus membros decidiram, então, realizar uma divisão de terras conforme o critério de parentesco: os parentes mais próximos do patriarca ficaram com as terras maiores, os parentes mais ou menos próximos ficaram com as menores e os mais afastados, que constituíam a maioria, ficaram sem terra. Nascia, assim, na Grécia Antiga a propriedade privada da terra e a sociedade de classes. Inicialmente eram três: a dos grandes proprietários, a dos pequenos proprietários e a dos sem-terra. Muitos dos que ficaram sem terra tiveram que se dedicar ao artesanato ou trabalhar para os grandes proprietários, recebendo em troca apenas roupa e comida, ou seja, trabalhavam como escravos.

Grécia Período Arcaico
Nesse período aconteceram dois processos importantíssimos para a história grega, a formação das cidades-Estado e a expansão colonial grega. • Formação das cidades-Estado (pólis) Houve um aumento considerável dos problemas resultantes da falta de alimentos e de terras férteis, o que fez com que crescesse também os conflitos entre os diversos génos (associações de várias famílias que se julgavam descendentes de um antepassado em comum). Procurando se proteger, os génos começaram a se unir, originando às fratrias. Mas como as guerras prosseguiram, as fratrias se agruparam, dando origem às tribos. As tribos buscavam um ponto alto onde ergueram uma fortaleza com muralhas, que receberam o nome de acrópole. Com o passar do tempo, a acrópole além de centro militar, foi se tornando também um centro religioso, um local de trocas de produtos e onde se realizavam reuniões públicas. Nascia a pólis (cidade-Estado). Sendo Atenas, Esparta, Tebas, Corinto, Argos, Olímpia, Megara e Mileto as principais. Cada uma possuía o seu governo, sua moeda, seus costumes, suas leis, ou seja, eram independentes
• A expansão colonial grega Durante os séculos VII e VI a.C. milhares de gregos deixaram suas cidades, devido à marginalização social, a concentração de terras nas mãos de poucos, a falta de alimentos, etc. Partiram então para fundar colônias na costa dos mares Mediterrâneo, Egeu e Negro. Bizâncio, Tarento, Sibaris, Crotona, Cuma, Nápoles, Siracusa, Agrigento, Marselha, Nice e Málaga foram as principais colônias fundadas pelos gregos, nesse período. As colônias eram politicamente independentes das metrópoles, isto é, das cidades-Estado. No entanto, estavam ligadas a elas por laços religiosos, sobretudo, comerciais.

Grécia Período Clássico
Esse foi um tempo em que o mundo grego prosperou, com o fortalecimento das cidades-Estado e a produção de obras que marcariam profundamente a cultura e a mentalidade ocidental. Mas foi também o período em que o mundo grego viu-se envolvido em longas e prolongadas guerras.

Roma Antiga
Diz uma lenda romana que, ao chegar às margens do rio Tibre, os latinos ergueram vários pequenos povoados dos quais o mais própero era Alba Longa. E um dos seus primeiros governantes foi Numitor. Um dia, porém, seu irmão (Amúlio) roubo seutrono e ordenou que sua única sobrinha, Réa Sílvia se tornasse sacerdotisa para que nunca viesse a ter filhos. Réa Sílvia, no entanto, uniu-se ao deus Marte e, com ele, teve filhos gêmeos: Rômulo e Remo. Ao saber disso, Amúlio mandou colocar os bebês num cesto de vime e atirou-os no rio Tibre. Conduzido pelas águas, o cesto encalhou num lugar chamado monte Palatino. Os bebês forma salvos e amamentados por uma loba. Mais tarde, foram encontrados por um pastor, que os educou. Quando adultos Rômulo e Remo lutaram contra o maldoso Amúlio e, depois de vencê-lo devolveram o trono de Alba Longa ao avô deles, ganhando com isso a permissão para fundar uma cidade. Retornando ao monte Palatino, no ano de 753 a.C., os dois irmãos fundaram Roma. Logo em seguida, no entanto, passaram a ser rivais: movido pela ambição Rômulo matou Remo e tornou-se rei de Roma. Sociedade romana A estrutura político-social também esteve fundamentada, inicialmente, sob o regime gentílico. Os homens estavam organizados em torno das gens, as quais reuniam as famílias identificadas por laços de consangüinidade ou religiosos, que cultuavam os mesmos antepassados. O processo de divisão do trabalho é acompanhado pela apropriação privada da terra por parte dos chefes das famílias gentílicas ao pater , que constituíram a aristocracia romana chamados de patrícios.

Fenícios
Os fenícios, tal como os hebreus, eram um povo de origem semita. Por volta de 3000 a.C., estabeleceram-se numa estreita faixa de terra com cerca de 35 km de largura, situada entre as montanhas do Líbano e o mar Mediterrâneo.
Com 200 km de extensão, corresponde a maior parte do litoral do atual Líbano e uma pequena parte da Síria.
Por habitarem uma região montanhosa, com poucas terras férteis, os fenícios voltaram-se para o mar, dedicando-se à pesca e ao comércio marítimo. As cidades feníciasA Fenícia era, na verdade, um conjunto de cidades independentes entre si. Cada uma delas constituía numa cidade-Estado.
Algumas dessas cidades adotavam a Monarquia Hereditária; outras eram governadas por um Conselho de Anciãos, formados por grandes comerciantes, donos de terras e armadores.
As cidades fenícias disputavam entre si, e com outros povos, o controle das principais rotas de comércio. Entre o ano de 1000 a.C. e 700 a.C., a cidade de Tiro destacou-se das demais por sua riqueza. A economia
Inicialmente, os fenícios viviam da pesca e da agricultura. Mas, como a produção de alimentos não acompanhava o crescimento da população, logo passaram a dedicar-se também a outras atividades, como o artesanato e o comércio.
Para vender o que produziam e obter as matérias-primas de que necessitavam, os fenícios foram se voltando cada vez mais para o comércio marítimo, que logo se transformou na principal atividade econômico.
Os fenícios guardavam a sete chaves os segredos das técnicas de construção naval e de suas rotas de comércio.
Para consolidar e expandir suas relações comerciais, os fenícios fundaram inúmeras colônias. Muitas alcançaram enorme progresso. O alfabeto, uma criação fenícia O que levou os fenícios a criarem o alfabeto foi justamente a necessidade de controlar e facilitar o comércio. O alfabeto fenício possuía 22 letras e era, portanto muito mais simples do que a escrita cuneiforme e a hieroglífica.
O alfabeto fenício serviu de base para o alfabeto grego. Este deu origem ao alfabeto latino, que, por sua vez, gerou o alfabeto utilizado atualmente no Brasil.
No princípio, todas as letras do alfabeto eram consoantes. Mais tarde, os gregos acrescentaram a elas as cinco vogais.

História da Arte

A Arte e Michelangelo
Fernanda Lapa Monia Wazlawoski RESUMO Maneira de expressar uma época ou sociedade, a arte, espelhou o choque cultural entre os dogmas sacros e o movimento humanista que surgira no Renascimento. Enquanto a Igreja estabelecia padrões, pregando Deus como o centro do universo, os humanistas defendiam o antropocentrismo e à busca pela verdade. Assim, Michelangelo, um dos principais artistas da época, manifestou em obras sacras, os ideais deste movimento, caracterizando uma nova concepção sobre a vida humana. INTRODUÇÃO Até o final da Idade Média a Igreja dominava a produção do conhecimento, e Deus era o centro do universo. Com o desenvolvimento econômico, social e político, surgiu um grupo de intelectuais interessados em combater a ordem e a hierarquia do mundo medieval, influenciando não só a vida social da época, mas também a arte, visto que, esta reflete a realidade histórica, pois o artista manifesta em suas obras a moral e a ética de seu mundo. Buscando compreender os fatores políticos – religiosos que influenciaram a arte renascentista manifestada por Michelangelo, bem como a contribuição para a formação cultural da sociedade, é através da avaliação da origem passada para os dias de hoje, e de análise bibliográfica, que apresentamos o período de transição da Idade Média para a Idade Moderna, apontando a nova concepção de vida que surgiu com a Renascença. A transição do convencionalismo católico para a ideologia humanista, onde o homem era visto com ser dotado de liberdade e capacidade individual gerou um conflito político cultural transmitindo à humanidade outro tipo de conhecimento, além de uma nova estrutura social. MICHELANGELO, ARTE COMO UMA REPRESENTAÇÃO CULTURAL Complexa em sua totalidade, a arte manifesta-se na humanidade de várias formas, sendo conceituada de diversas maneiras. Presente ao longo da história, diverge conforme a época e tendência, não deixando de ser uma expressão pessoal do artista, uma manifestação social, o significado de uma cultura. Considerada instrumento de divulgação e esplendor, até hoje, ela é utilizada para expor ideais, influenciar a sociedade e, como meio de poder para quem a detêm. Entre os séculos XV e XVI, período de profunda transformação histórica, a valorização do homem defendida pelos humanistas se opõem aos credos da Igreja e reflete-se, de maneira nítida, como um espelho humano, os acontecimentos, nas representações artísticas. Michelangelo, um dos principais criadores Renascentistas, mostrou com clareza a fase e a fé da sociedade. A humanidade possui a necessidade de expressar seus sentimentos, idéias e sua época. A maneira mais utilizada e conhecida através dos tempos é as diferentes formas de arte, o que lhe agrega diferentes conceitos. Estabelecer uma definição absoluta é inadequado, uma vez que, classificar o belo abrange inúmeras opiniões. Sem dúvida, um dos apogeus da Arte ocorreu na Renascença com a visão sacra manifestada por Michelangelo. No inicio do século XV, os artistas passam a transmitir em suas obras uma nova concepção cultural, acompanhando o desenvolvimento econômico social e político das cidades, o contexto principal da transição da Idade Média para a Idade Moderna. Nesse crescimento, surgiu um grupo de intelectuais interessados em renovar os estudos ministrados nas Universidades Medievais que privilegiavam a teologia, o direito e a medicina. Essa elite de pensadores desejava um conhecimento voltado para a poesia, a filosofia, a história, a matemática e a retórica, isto é, para aquelas disciplinas onde se valorizavam as atividades próprias do homem e o preparavam para o exercício de sua liberdade. Denominados humanistas, eles questionavam a hierarquia do mundo Medieval estabelecida até então, onde a Igreja era um monopólio, Deus o centro do universo, e o homem submisso a isso. Procuravam, reinterpretar os Evangelhos à luz dos valores da Antiguidade Clássica, exaltando o ser humano como dotado de liberdade, de vontade e de capacidade individual. Apesar da produção artística do Renascimento espelhar-se na cultura greco-romana, traduz as mudanças vividas pela sociedade moderna . Sua característica antropocêntrica, trouxe o interesse pela investigação da natureza, o culto à razão e à beleza, características da cultura greco-romana, criando as bases do Renascimento artístico e cientifico dos séculos XV e XVI. A educação passou a ter mais valorização. A burguesia, nova classe social que surgira, havia percebido a necessidade de controlar o mercado natural, principal fonte de produção e lucro. Apesar do mundo oferecer muitas riquezas, o conhecimento assumiu caráter racional a partir deste momento, e todas as informações passaram a ter propósitos lucrativos, afinal o capitalismo estava surgindo. Além do racionalismo, o individualismo também foi um dos valores renascentistas e refletiu a emergência da burguesia e de novas relações de trabalho, trazendo a idéia de que cada um é responsável pela condução de sua vida, sem que isto implicasse no isolamento humano, mas na possibilidade que cada um tem de tomar decisões. A Arte Renascentista continuou cristã, porém adaptada à nova realidade moderna. Analisando as obras de Miguel Ângelo Buonarotti, percebe-se os valores estéticos culturais definidos com clareza. Baseado no equilíbrio das formas, em uma nova sociedade, utilizando a perspectiva e a proporção geométrica, destacam-se as formas que traduziam os conceitos humanistas numa poderosa expressão, exteriorizando uma renovada conquista moral. Além de fundir os valores tradicionais do classicismo com uma nova interpretação mais livre e ritmada da linguagem, as figuras se movimentam com imponente naturalidade, acentuando o aspecto dramático e cheio de força expressiva, valorizando sobretudo o homem, ou seja, uma nova “monumentalidade” do ser. Em Davi (Anexo 1), a figura humana demonstra não um herói, mas sim um paladino por causa justa. Já Baco (Anexo 2,) escultura solicitada pelo Cardeal Rafaello Riario ao artista, teve origem de uma ilustração com o paradeiro desconhecido. A estátua de um Deus do vinho emana desequilíbrio e deboche, ao contrário da agonia e sofrimento da figura original. Logo, o cardeal renegou a obra. As esculturas englobam uma expressão corporal que garante o equilíbrio, revelando uma imagem humana de músculos levemente torneados e de proporções perfeitas; e as expressões das figuras, refletem seus sentimentos. Mesmo contrariando a moral cristã da época, a inteligência mergulha livre para fecundar a beleza, o nu volta a ser utilizado refletindo o naturalismo como forma de valorizar o homem como a medida de todas as coisas. Entretanto, em Pietá (Anexo 3) , a Virgem do pintor e escultor mostra uma mulher jovem, serena, sem sofrimento, contrapondo as imagens das Santas Medievais com faces tristes. Michelangelo afirma que “ a mãe de Deus não deve chorar como uma mãe terrena ”. Questiona-se portanto a maneira como a Igreja apresenta a morte de Cristo, pois conforme a Bíblia, esse seria o caminho da salvação, não devendo representar sofrimento aos olhos humanos. O homem independe de Deus , apesar de, perceber-se como força inventora capaz de influir nos destinos da humanidade, descobrindo, conquistando e transformando o Universo. O povo, em sua essência, precisa se apegar e crer em algo para ter forças a superar o percurso vital da vida. A fé, ultrapassa aos anos e é subseqüente para a conquista de muitos. Até os incrédulos em Deus vivem acompanhados de seus “amuletos”. A Igreja sempre procurou dominar a sociedade, a riqueza, e durante muito tempo induziu reinos, vendeu indulgências, destorceu e desfrutou dos fatos bíblicos, a fim de conquistar seu apogeu. Um dos meios era apropriar-se do conhecimento humano como maneira de apoderar-se do pensamento. O inculto, crê facilmente, uma vez que não artifícios para contestar os absurdos sacros. A evolução do saber influenciou os pensadores na busca à verdade. Os Humanistas, defensores da importância do ser como forma de existir, aos poucos, no período Renascentista, foram conquistando seu espaço. No entanto, uma das formas para Igreja não perder seus fiéis, foi contratar e aceitar as novas imagens Santas desenvolvidas por Michelangelo.



A Arte na Pré-História
Um dos períodos mais fascinantes da história humana é a Pré-História. Esse período não foi registrado por nenhum documento escrito, pois é exatamente a época anterior à escrita. Tudo o que sabemos dos homens que viveram nesse tempo é o resultado da pesquisa de antropólogos, historiadores e dos estudos da moderna ciência arqueológica, que reconstituíram a cultura do homem. Consideramos como arte pré-histórica todas as manifestações que se desenvolveram antes do surgimento das primeiras civilizações e portanto antes da escrita. No entanto isso pressupõe uma grande variedade de produção, por povos diferentes, em locais diferentes, mas com algumas características comuns. A primeira característica é o pragmatismo, ou seja, a arte produzida possuía uma utilidade, material, cotidiana ou mágico-religiosa: ferramentas, armas ou figuras que envolvem situações específicas, como a caça. Cabe lembrar que as cenas de caça representadas em cavernas não descreviam uma situação vivida pelo grupo, mas possuía um caráter mágico, preparando o grupo para essa tarefa que lhes garantiria a sobrevivência. As manifestações artísticas mais antigas foram encontradas na Europa, em especial na Espanha, sul da França e sul da Itália e datam de aproximadamente de 25000a.C., portanto no período paleolítico. Na França encontramos o maior número de obras pré históricas e até hoje em bom estado de conservação, como as cavernas de Altamira, Lascaux e Castilho. Arquitetura Os grupos pré-históricos eram nômades e se deslocavam de acordo com a necessidade de obter alimentos. Durante o período neolítico essa situação sofreu mudanças, desenvolveram-se as primeiras formas de agricultura e consequentemente o grupo humano passou a se fixar por mais tempo em uma mesma região, mas ainda utilizavam-se de abrigos naturais ou fabricados com fibras vegetais ao mesmo tempo em que passaram a construir monumentos de pedras colossais, que serviam de câmaras mortuárias ou de templos. Raras as construções que serviam de habitação. Essas pedras pesavam mais de três toneladas, fato que requeria o trabalho de muitos homens e o conhecimento da alavanca. Esses monumentos de pedras foram denominados "megalíticos" e podem ser classificados de: dólmens, galerias cobertas que possibilitavam o acesso a uma tumba; menires, que são grandes pedras cravadas no chão de forma vertical; e os cromlech, que são menires e dólmens organizados em círculo, sendo o mais famoso o de Stonehenge, na Inglaterra. Também encontramos importantes monumentos megalíticos na Ilha de Malta e Carnac na França, todos eles com funções ritualisticas. Escultura A escultura foi responsável pela elaboração tanto de objetos religiosos quanto de utensílios domésticos, onde encontramos a temática predominante em toda a arte do período, animais e figuras humanas, principalmente figuras femininas, conhecidas como Vênus, caracterizadas pelos grandes seios e ancas largas, são associadas ao culto da fertilidade; Entre as mais famosas estão a Vênus de Lespugne, encontrada na França, e a Vênus de Willendorf, encontrada na Áustria foram criadas principalmente em pedras calcárias, utilizando-se ferramentas de pedra pontiaguda. Durante o período neolítico europeu (5000aC - 3000dC) os grupos humanos já dominavam o fogo e passou a produção de peças de cerâmica, normalmente vasos, decorados com motivos geométricos em sua superfície; somente na idade do bronze a produção da cerâmica alcançou grande desenvolvimento, devido a utilização na armazenagem de água e alimentos. Pintura As principais manifestações da pintura pré-histórica são encontradas no interior de cavernas, em paredes de pedra e a princípio retratavam cenas envolvendo principalmente animais, homens e mulheres e caçadas, existindo ainda a pintura de símbolos, com significado ainda desconhecido. Essa fase inicial é marcada pela utilização predominantemente do preto e do vermelho e é considerada portanto como naturalista. No período neolítico a pintura é utilizada como elemento decorativo e retratando as cenas do cotidiano. A qualidade das obras é superior, mostrando um maior grau de abstração e a utilização de outros instrumentos que não as mãos, como espátulas. Por volta de 2000aC as características da pintura a apresentavam um nível próximo à de formas escritas, preservando porém seu caráter mágico ou religiosos, celebrando a fecundidade ou os objetos de adoração (totens).


Aleijadinho
Escultor: 1730(?)-1814. QUANDO TUDO ACONTECEU... 1730: Data provável do nascimento de António Maria Francisco em Vila Rica, Mi-nas Gerais, Brasil. - 1766: Inicio da construção da Igreja de S. Francisco, Vila Rica (Ouro Preto) - 1767: Morte de seu pai - 1772: Admitido na confraria de S. José dos Pardos - 1774: Construção da Igreja de S. João de El-Rei (Tiradentes) - 1777: Manifestação acentuada da doença; casamento do seu filho - 1784: Presidente da Confraria de S. José - 1796: Morre o seu escravo Agostinho; é contratado para a execução das esculturas de Congonhas do Cam-po - 1796/1799: Executa grande parte das estátuas de Congonhas do Campo -1814: Morre e é sepultado em Vila Rica (Ouro Preto). AI, QUE TANTA ARROBA DE OURO... Ai, que tanta arroba de Ouro. Deixa os sertões extenuados... Ai, que tudo é muito longe, Ai, que a Providência fala Pelos homens desgraçados... Nos princípios de setecentos Lisboa começa a ver chegar os carregamentos de ouro do Brasil. É uma riqueza que se sente. Uma certa sociedade sabe ostentar os seus bens. Os mais pobres, artesãos e campo-neses, não ficam alheios aos sonhos que uma melhor vida pode tornar reais. Os marinheiros que arribam contam histórias das terras distantes donde vem o ouro. As construções são um reflexo de um pais rico. Em Mafra inicia-se a construção de um grande convento, que servirá de escola a muitos artistas. Alguns partirão depois para outras terras levando conhecimentos e práticas que ali adquiriram. De Odivelas parte Manuel Francisco Lisboa. Também ele pensa numa vida melhor. No Brasil já o espera o seu irmão António Francisco Pombal. Certamente ali será mais fácil passar de artista a mestre, trabalho é o que não falta numa região que tanto se desenvolve. Em Ouro Preto, Minas Gerais, a exploração mineira que se iniciara em 1698 é agora uma realidade. Durante muitos anos não há-de parar e em 1728 vão aparecer também os diamantes. Nem tudo o que se extrai é enviado para Portugal, que tolos não são eles... Há que mudar de nome, Ouro Preto já não é. Em 1711 passará a chamar-se Vila Rica. Boa terra para Manuel Francisco se instalar. Em 1724 obtém a carta de carpinteiro. É das melhores, pois abrange ofícios vários - entre eles o de desenhar plantas. Em 1730 é já mestre de obras. A Casa da Câmara e a Ca-deia de Vila Rica, a capela-mor de Igreja de Castas Altas são algumas das obras a que está ligado. É já um homem com alguma importância, tem a sua oficina, os seus operários e os seus escravos. Entre estes Isabel, de origem africana, que terá um filho do seu senhor. O dia em que ele nasce é incerto, o do batismo também, ou não seja a criança um bastardo, um mulato. No entanto o pai dá-lhe o seu nome: António Francisco Lisboa. Em 1736 Manuel Francisco casa-se com Antonia Maria, do Funchal. Têm quatro fi-lhos, um deles será padre. Quanto ao António Francisco, cresce como qualquer menino da sua condição. Cedo aprende que terá de se fazer à vida, a bens de herança não terá direito. A oficina do pai é o local aonde vai passando o tempo. Vai aprendendo o que por lá se faz - desenho, arquitetura, ornamentos. A escultura e o entalhe parecem atraí-lo mais - assim se ocupa, e um ofício sempre lhe poderá servir para alguma coisa. Conhece também João Go-mes Batista, que estudara desenho e gravação de metais em Lisboa, e que trabalha agora na Casa de Fundição de Vila Rica. Quanto ao resto, aprende com os frades de Vila Rica ape-nas o essencial: música, latim e, claro! Religião. QUAIS OS QUE SOBEM PURIFICADOS? Quais os que tombam, Em crimes exaustos, Quais os que sobem purificados? No Séc. XVIII a influência da Inquisição é ainda muito forte. Aqueles que chegam de Portugal têm-na bem presente - por isso cada qual trata de publicamente exibir o seu rosário... Em Vila Rica o número de padres não pára de crescer - em 1750 são cerca de 80. É necessário controlar os sítios onde a riqueza é grande, pois sempre se pode tirar proveito da fortuna alheia. Os abusos, os crimes, os pecados, podem ser quase todos redimidos com oferendas generosas. Tudo, ou quase tudo se poderá perdoar com as dádivas a Deus. A I-greja é o centro do mundo. Organizam-se confrarias e irmandades que zelam pelos interes-ses dos seus membros, ao mesmo tempo em que lhes oferecem proteção. Mas também nelas existe seleção. Na maioria delas, não é admissível a entrada de homem que não seja branco. E branco puro, sem mistura de judeu, mouro ou mulato. Para estes existe a Arquiconfraria dos Mínimos do Cordão de S. Francisco, que não deixará de ser perseguida só pelo fato de admitir homens "pardos". São estas confrarias que passam as cartas de habilitação para um oficio. Apesar da sua condição, António Francisco Lisboa obtém a carta de carpinteiro. Sempre lhe vale para alguma coisa trabalhar na oficina do pai. Já pode executar vários trabalhos, e isso é coisa que nunca lhe faltará. Duas das confrarias de Vila Rica dão oportunidade para se revelarem às capacidades de António Francisco. A Ordem Terceira do Carmo encomenda o projeto da Igreja a Manu-el Francisco, a Ordem Terceira de S. Francisco fará encomenda idêntica ao seu filho. As duas obras serão elogiadas e, na de S. Francisco, quer na fachada lateral, quer no púlpito, são já visíveis às marcas de um autor. Os trabalhos irão suceder-se. O Barroco, tão em voga na Europa do séc. XVII, só agora começa a chegar ao Bra-sil, sobretudo pela mão dos que vêm de Portugal. Mas aqui nos trópicos vai-se diferencian-do do europeu, sobretudo em Minas Gerais, onde tanto ouro há. António Francisco dá às suas obras um estilo próprio, quer no desenho das plantas, quer na talha e na escultura. É a imagem de uma região feita pelas mãos de um artista. As fachadas são enriquecidas, os interiores cobrem-se de talha. É aproximação do rococó, com um cunho mineiro. Em 1767 morre Manuel Francisco Lisboa. Dois anos mais tarde o filho já não tem mãos a medir. As encomendas sucedem-se. O seu trabalho é disputado entre as várias con-frarias - já pode fazer aquilo de que mais gosta - esculpir. Trabalha agora em pedra-sabão. Faz púlpitos, imagens, portas. Por tudo isto lhe vão pagando, e ele bem sabe como gastar o dinheiro... Não é figura que atraia mulher para casamento - baixo, gordo e mulato - mas tem um filho natural. Da mãe pouco se sabe, apenas que se chama Narcisa, e que o faz andar em tribunais. António Francisco reconhece o filho como seu. Dá-lhe o nome de seu pai. Há tempo para tudo, para o trabalho, mas também para o prazer. A vida boemia diverte-o, gos-ta de viver. Talvez venha a pagar os desvairos que comete. Não perde uma oportunidade para se divertir como no dia em faz uma imagem de S. Jorge, que é réplica da figura do ajudante do Governador que a encomendara. O resultado é o riso do povo de Vila Rica que logo transforma o episódio numa quadra: "O S. Jorge que ali vai, Com ares de Santarrão, Não é São Jorge nem nada, É o Coronel Zé Romão". Esse é o preço que pagou o ajudante por um dia lhe ter chamado feio. PENAR TANTO E NÃO TER NADA... O Aleijadinho adapta-se à doença. Entretanto, o que está a acontecer no resto do mundo? Consulta a Tábua Cronológica. Deus do céu, como é possível Penar tanto e não Ter nada! Em 1777 António Francisco Lisboa sente já os males da sua doença. De que sofre? Ninguém parece saber ao certo... Mas que é grave, isso o sente. São várias as hipóteses que se põem: escorbuto, sífilis, zamparina... Todas parecem ter origem num fato: a vida de ex-cessos que tem levado. Há mesmo quem diga que tudo se deve a cardina** que terá ingeri-do para melhorar os seus dotes artísticos. Certo é que, nesse ano, já não consegue deslocar-se sozinho. Que o diga a Confraria de Nossa Senhora das Mercês e Perdões que já suportou um pagamento aos negros que o transportaram quando foi vistoriar as obras. A doença irá agravar-se com os anos. De forma lenta e dolorosa, como se dum cal-vário se tratasse. Apesar de tudo António Lisboa é bem aceite. Tem obra feita, é respeitado. E não é homem de se expor. Com o agravamento da doença vê o seu corpo a ficar cada vez mais deformado. Primeiro os pés, mais tarde as mãos. Momentos há em que não suporta as dores. O desespero é tal que chega a mutilar alguns dedos. Mas as mãos, também defeituo-sas, são o seu instrumento de trabalho. Males piores virão. À sua fealdade junta-se agora a deficiência física. E há sempre alguns que a acham medonha. António Lisboa tem disso consciência, bem se lembra do dia em que um escravo, acabado de comprar, tenta suicidar-se ao ver o seu novo patrão. A amizade entre ambos nascerá depois. António Lisboa decide não impor a sua presença. Evita sair durante o dia. Sempre que tem de o fazer, aproveita a madrugada. E para que não vejam as suas mazelas veste roupas que lhe tapem os membros, e chapéu que lhe cubra a cabeça. Dispensa de bom grado que assistam ao seu trabalho. Aos elogios que lhe fazem, responde por vezes com aspereza. É a doença que dói por dentro. Os bons momentos vive-os com os seus escravos - Januário, Agostinho e Maurício. Os dois últimos aprenderão as suas artes ao mesmo tempo em que o amparam na doença. António Lisboa paga-lhes transforma-os em seus operários. Januário será, sobretudo o seu meio de transporte. No mesmo ano em que adoece, casa-se o único filho natural que se lhe conhece. Da sua vida pouco se sabe, da nora se falará mais tarde. Um homem a quem a natureza nada deu, que luta contra a sua doença, trabalhando; que transmite nas suas obras a devoção reli-giosa e que, de forma lenta, vai ficando estropiado... É uma figura digna de piedade. Quem o diz é o sentimento, ou o sentimentalismo lusitano a vir à tona, caridade. Já não lhe cha-mam António, mas sim o "aleijadinho" - assim ficará conhecido. Quanto ao seu verdadeiro nome, muitos o esquecerão. É o preço da caridade, é o nascimento de uma lenda. Mas An-tónio Lisboa é lá homem de viver de piedades... Continua a trabalhar, adapta-se à doença. Alguns dedos das mãos já não existem, as pernas já não andam. Desloca-se de burro quan-do vai longe, às costas de Januário quando vai perto. E cada vez é menos visto. Com o au-xilio dos seus operários arranja forma de poder trabalhar. Amarra os instrumentos às mãos, sacrifícios. E o seu mérito de artista é cada vez mais reconhecido. Muitos o afirmam, e dis-so é prova a deliberação da Ordem Terceira de Sabará em 25 de Novembro de 1781: "O melhor meio para que estes trabalhos se façam com perfeição e sem alteração segundo os desenhos, é contratar o Mestre e os operários mais capazes de os executar da referida forma, e por esta razão o Reverendíssimo Comissário Superior e os irmãos mem-bros da comissão estão de acordo e em unanimidade que apenas o Mestre António Francis-co Lisboa e os operários poderão cumprir com toda a satisfação desejável...”. Mas António Lisboa não se limitará a ficar por aqui. Uma obra maior está à sua es-pera. MELHOR QUE A DESGRAÇA É A MORTE... Melhor que a desgraça é a morte... Melhor que o opaco futuro, E entre a vida e a morte, apenas Um salto, da terra de ouro Ao grande céu, puro e obscuro. Em meados de setecentos havia chegado de Matosinhos (perto da cidade do Porto) Feliciano Mendes. Durante tempos andou, como outros, na procura de riqueza. Como tan-tos outros que partiram do Norte de Portugal, levou consigo as suas devoções. Tinha deixa-do na sua terra uma bonita Igreja - o Nosso Senhor do Bom Jesus de Matosinhos e as suas capelas dos Passos. Também em Braga, no Minho, se construía um grande santuário dedicado ao Bom Jesus. Começavam as grandes romarias em Portugal... Feliciano Mendes sobe um dia ao morro do Maranhão, junto a Congonhas do Campo. Lá no alto, o homem está mais perto de Deus. Quer construir aí um Igreja em devoção do Senhor do Bom Jesus de Matosinhos. Para isso doa toda sua fortuna. Quando morre, em 1761, a Capela está quase pronta. O culto já está divulgado, e os romeiros não param de deixar as suas esmolas. Há que aplicar o di-nheiro. A confraria decide construir um santuário imponente. Também ali haverá os Passos. E um adro. E um grande artista a fazê-lo. Em 1796 António Lisboa é contratado para fazer a execução das estátuas do santuá-rio, cerca de 60, obra grande. Nem todas poderá esculpir. Mas pelo menos orienta os traba-lhos. São precisos muitos operários. Melhor é instalar uma oficina em Congonhas. Para muitos será uma escola, afinal está ali um mestre. As obras irão durar alguns anos. Em frente à igreja, um adro, o Largo dos Profetas (serão doze). Destes se encarrega António Francisco. Não são figuras estáticas. Distribuem-se em volta do largo como se de uma assembléia se tratasse. É deles que brotam as palavras, são eles os grandes oradores. António Francisco dá-lhes expressão, os gestos, as formas, as particularidades também. Os pés são grandes (para alguns, sinônimo de firmeza). As mãos mostram os ossos que vincam a pele e... Um polegar "estranho", defeituoso até (é o reflexo dos seus males, pensarão ou-tros mais tarde quando, ao olharem um Profeta, nele virem um auto-retrato de António Francisco). O Mestre trabalha ainda nas Capelas dos Passos. Exprime o sofrimento de um Cris-to. Também ele sofre com a morte de Agostinho Angola, era mais do que um escravo - era um amigo. Talhada em cedro mostra o realismo da Última Ceia. Mas tão real, que alguns dos passantes cumprimentam, julgando tratar-se de pessoas vivas... Enalteceu a fé, mostrou mérito, mas, quando regressa de Congonhas do Campo, An-tónio Francisco vê o seu sofrimento agravar-se. Vai ainda trabalhar no altar mor da Capela da Ordem Terceira de Sarabá. Mas já lhe chamam o "Aleijadinho" quando comentam as contas do trabalho apresentado. António Francisco Lisboa já não é. Esquecem o mestre, comentam os dinheiros... Em 1810 trabalha ainda na talha da Igreja de Vila Rica (Ouro Preto). Desta vez é o seu ex-aluno Justino que firma o contrato. Eis o mestre a trabalhar para o aluno... As deslocações são já tão difíceis que se instala junto da Igreja. Será talvez a sua última obra... E ainda por cima mal paga. Um noite, Justino decide ir visitar a família. Não será visita breve. Quanto ao "Alei-jadinho", nada lhe diz, que fique só, que se arranje. António Lisboa vê-se obrigado a re-gressar. Já não é homem de viver sozinho. Joana Araújo Correia, a nora, leva-o consigo. É parteira. Quem ampara gente que chega ao mundo, também há-de saber amparar na partida. Durante dois anos António Lisboa não pode sequer levantar-se. Trabalhar, muito menos. Já não vê. Fala consigo. Dos tempos bons, dos outros que o não foram. E, sobretudo da traição de Justino que nunca mais lhe apareceu para acertar contas. São coisas que não se perdoam a quem tanto se deu. Resta-lhe a fé e as tábuas onde está deitado. Joana jamais o abandona-rá. Mas a dedicação da nora não lhe basta para aliviar tão grande sofrimento. Morre no dia 18 de Novembro de 1814. António Francisco Lisboa é sepultado na Igreja de Nossa Senho-ra de Conceição. Aos seus nada deixa, ao mundo deixou muito. Notas: * versos extraídos do "Romanceiro da Inconfidência" de Cecília Meireles ** infusão preparada à base de plantas tropicais • O Aleijadinho Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, nasceu por volta de 1738 (não existe do-cumento comprovando esta data). Filho do arquiteto português Manoel Francisco Lisboa e de uma negra, escrava de sua propriedade, chamada Isabel. De personalidade forte e perse-verante, teve noções de música e latim, aprendeu a ler, escrever, estudou desenho e arquite-tura com os mestres da época. Em 1812 ficou totalmente paralítico e morreu pobre em 1814. Seu corpo está enterrado no interior da Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição. Antônio Francisco Lisboa herdou o apelido de Aleijadinho devido a uma doença misterio-sa, popularmente conhecida na época como zamparina, que atacou seus membros, atrofian-do-os. A mutilação não abalou suas forças; seus escravos prendiam os instrumentos em suas mãos. A doença é implacável. Cada vez mais arredio, ele se esconde com a ajuda de seus leais escravos Maurício, Agostinho e Januário. Executa belas obras em Sabará e Con-gonhas do Campo, consagrando-se como o maior artista brasileiro do período colonial. Quando uma obra isolada do mestre escultor está diante de nossos olhos, ficamos com a impressão de que nela existe vida. Por volta de 1766 é contratado pela Ordem Franciscana de Assis para construir a Igreja de São Francisco de Assis, sua obra-prima, na qual consa-gra seu estilo rococó. Seu nome e sua fama correm entre os aristocratas portugueses e de todos os lugares das Minas Gerais chegam convites para o mestre. Principais Obras Igreja de São Francisco de Assis Obra-prima do Aleijadinho, com pinturas de Manuel da Costa Ataíde. Todo o conjunto é harmonioso, simples e belo. A portada da Igreja, em pedra-sabão, é magnífica, e nos altares o toque do gênio. Esculturas nos tambores dos púlpitos, em pedra-sabão, representando episódios bíblicos (1772); barrete da capela-mor (1773-1774); projeto da atual portada (1774-1775); risco da tribuna do altar-mor (1778-1779), retábulo da capela-mor (1790-1794) executados com a colaboração dos entalhadores Henrique Gomes de Brito, Luís Fer-reira da Silva Correia; projeto de dois altares colaterais, consagrados a São Lúcio e Santa Bona (executados com alterações por Vicente Alves da Costa, 1829). Igreja Nossa senhora do Carmo Modificações do projeto original (1770); altares laterais de Nossa Senhora da Piedade (1807) e de São João Batista (1809); acréscimos dos camarins e guarda-pós dos altares de Santa Quitéria e Santa Luzia. Igreja de São José Projeto do retábulo da Capela-mor (1773); modificações no risco da fachada (1772).


A Arte Gótica
Como tantas denominações atribuídas por críticos e historiadores a estilos e períodos artísticos, a de arte gótica, empregada pela primeira vez por Vasari, em 1550, no seu livro sobre as Vidas dos Mais Excelentes Pintores, Escultores e Arquitetos, possuía, a principio caráter depreciativo. Baseava-se na divisão das eras artísticas preconizada por Ghiberti: Idade Áurea da arte clássica, declínio desde Constantino e, a partir de Giotto, a Renascença Italiana. Para Ghiberti, como para Vasari, o intervalo compreendido entre a época de Constantino e o advento de Giotto foi artisticamente nulo, pois os pintores, os escultores e os arquitetos afastaram-se da tradição clássica, influenciados pelo novo ideal estético: o gótico. Gótico, logicamente, seria o estilo particular aos gôdos, tribo bárbara do N. da Europa; a arte gótica, contudo, nada tem a ver com esse povo, pois nasceu com a arquitetura religiosa da Normandia e da Borgonha, durante o séc. XII. A arte gótica foi relegada a discreto segundo plano, combatida e negada até ao último quarto do séc. XVIII, quando começou sua valorização, graças, principalmente, ao Pré Romantismo, em países como a Grã-Bretanha e a Alemanha. Com o advento do romantismo, e devido à pregação de Viollet-le-Duc, o gótico passou a reunir a preferência de todos os artistas e arquitetos. Hoje, após os minuciosos estudos de ensaístas como Mâle, Focillon, Dvorák e outros, entende-se por gótico o estilo de arte medieval que tendo-se originado por volta de 1150, na França, transformar-se-ia em estilo internacional durando até 1420 na Itália e até 1500 nos países setentrionais. O estilo gótico é, antes de tudo, um estilo arquitetônico; mas o adjetivo gótico é empregado também para caracterizar a pintura e a escultura do período. Como a arquitetura gótica vai estudada em separado (Gótica, Arquitetura), analisemos, a seguir, a pintura gótica presencia o aparecimento e a rápida difusão de nova modalidade pictórica: a pintura de cavalete, o quadro ou o retábulo. A temática é acima de tudo religiosa. Quanto a técnica, importantes inovações começam a aparecer com os irmãos Hubert e Jan van Eyck (há duvidas quanto a existência de Hubert; Jan van Eyck faleceu em 1441), que recorrem à pintura a óleo, e não mais à têmpera como até então. Ficou dito a pouco que a pintura gótica era principalmente de índole, religiosa. No entanto, o período assiste também ao nascimento da pintura profana – como, por exemplo, nos painéis, verdadeiros discursos políticos, executados entre 1337 e 1339 no Palazzo Pubblico de Siena por Ambrogio Lorenzetti, e nas ilustrações de calendários, tratados científicos e moralités, baseadas nos escritos de autores clássicos, como Esopo e Ovídio. Como típica manifestação do nascente individualismo, especial menção deve ser feita ao retrato, que faz então sua aparição: retrato de João o Bom, 1350-1364, na biblioteca de Paris. Grandes Retratistas tornariam, no séc. XV, o gênero prestigiadíssimo: Van Eyck, Van der Weyden e Memling, nos países baixos, Masaccio, Uccello, Veneziano e Pisanello, na Itália. O estilo gótico em pintura parece ter tido sua origem nas miniaturas irlandesas e inglesas de princípios do séc. XIII. Em fins desse mesmo século, e possivelmente sob a influência da escultura, dá-se um passo gigantesco no sentido da tridimensionalidade, dop detalhe naturalista e da interpretação psicológica. Com Giotto, falecido em 1337, todas essas qualidades cristalizam-se pela primeira vez. De avignon, cidade papal, o estilo gótico giottesco, modificado por Simone Martini, falecido em 1344, ganha os demais países europeus. Na segunda metade do séc. XIV chegará mesmo a Praga, até onde se faz sentiro influxo da arte de alguns pintores setentrionais italianos, discípulos ou seguidores de Giotto. Desde princípios do séc. XIII pode-se falar na internacionalidade do estilo gótico; mas é no séc. XV que a pintura atinge a seu mais alto desenvolvimento, com a criação de escolas nacionais, como a que desenvolveria na Borgonha e nos países e nos Países Baixos. Nesses países a pintura, já anunciada pelos livros-de-hora vividamente ilustrados, atinge a altíssimo nível com os Van Eyck, Petrus Christus, Van der Weyden, Memling, Van der Goes. O fim da pintura gótica parece estar contido na obra de dois pintores singulares: o holandês Jheronimus Bosch (falecido em 1516) e o alemão Mathias Grunewald (falecido em 1528), que encerram um ciclo e, de certo modo, inauguram novos tempos. Escultura A escultura gótica somente pode ser compreendida em toda a sua importância se entregada ao esquema arquitetônico ao qual estava subordinada. Tal como na pintura, a escultura é sobre tudo religiosa, muito embora o fim do período gótico presencie a imposição do individualismo que iria conduzir ao retrato de cunho naturalista. Os primeiros escultores são ainda anônimos: são os estatuários de Chartres, Reims e Strasburgo. Em fins do séc. XIV surge a figura talvez mais notável da escultura gótica: Claus Sluter (falecido em 1406), e que irá influenciar toda a arte de seu tempo, mesmo a pintura de Van Eyck, de quem, aliás, era primo. Ao lado de Sluter, e como representante do estilo gótico meridional, merece ser citado o escultor italiano Jacopo della Quércia (falecido em 1438), cuja arte anunciada já a Renascença. A última fase da escultura gótica (1480 – 1520) caracteriza-se por um maneirismo de que é expoente máximo o alemão Tilmam Riemenschneider, falecido em 1531.


Arte Cristã Primitiva
Chama-se ARTE PRIMITIVA CRISTÃ a arte dos cinco primeiros séculos do aparecimento do cristianismo. Divisão A Arte Primitiva Cristã divide-se em dois períodos: antes e depois do reconhecimento do Cristianismo como religião oficial do Império Romano. O reconhecimento do Cristianismo como religião oficial do Império Romano foi feito pelo imperador Constantino, no Édito de Milão no ano 330 da nossa era. - A Fase Catacumbária A fase anterior ao reconhecimento chama-se Catacumbária, porque as suas principais manifestações ocorreram nas catacumbas, cemitérios subterrâneos, verdadeiros hipogeus, nos quais os primeiros cristãos sepultavam seus mortos e mártires. A fase catacumbária estende-se do I século ao início do IV século, precisamente ao Édito de Milão. - A Fase Cristã Primitiva A fase posterior ao reconhecimento, quando o Cristianismo deixou de ser perseguido e substituiu, oficialmente, entre os romanos, as crenças do paganismo, tem sido determinada Arte Latina por alguns historiadores. Deve ser chamada, porém, de modo mais adequado, Arte Cristã Primitiva propriamente dita. Essa fase, Arte primitiva Cristã, desenvolve-se dos anos de 330 ao de 500, quando as artes do Cristianismo começam a dividir-se em dois grandes ramos - um oriental e outro ocidental. As Artes Bizância e Romana Ao contrário do ocidental, o ramo oriental da Arte Cristã Primitiva aparece mais cedo, naquele mesmo ano de 500. É a arte Bizantina, que denomina-se assim, porque o seu principal centro de irradiação foi a antiga cidade grega de Bizâncio, transformada em Constantinopla, no ano de 330, pelo imperador Constantino, para servir de nova capital ao Império Romano. A arte bizantina reúne várias influências - gregas clássicas, asiáticas e européias. Dura praticamente mil anos, desde o reinado do Imperador Justiniano, notável por suas leis e iniciativas administrativas, meados do século VI, à conquista de Constantinopla pelos turcos, em 1453, data convencionalmente escolhida para marcar o fim da Idade Média e o início dos Tempos Modernos. O ramo ocidental da Arte Cristã Primitiva vai definir-se mais tarde, no século X, através de lentas e diversificadas elaborações. Nessas elaborações estilísticas, intervém numerosos fatores históricos e sociais, como as invasões dos povos chamados bárbaros, e sensíveis às influências orientais, particularmente bizantinas, pela importância econômica e política de Bizâncio no mundo medieval. Esse ramo ocidental recebe a denominação de Arte Românica, porque as suas formas derivam fundamentalmente de Roma antiga, apesar das influências diversas que vão recebendo do decorrer dos tempos. Antes dessas formas românicas, ente os séculos VI e X havia na Europa ocidental as artes dos povos bárbaros, os quais, uma vez instalados nas regiões conquistadas, vão dar origem às modernas nações européias. Essas artes dos povos em migração não possuem, porém, características definidas. A Fase Catacumbária Estende-se do século I ao início do século IV. Corresponde, portanto, à época das perseguições movidas aos cristãos, com maior ou menor intolerância e crueldade, por imperadores romanos. A perseguição desenvolvia-se praticamente em todo o Império, em algumas partes com mais brandura, especialmente em certas regiões da Ásia Menor, nas quais houve mesmo tolerância com a nova religião, que se misturava com velhos cultos pagãos locais, vindos dos egípcios e caldeus. Por isso mesmo, ali são mais precoces as transformações da primitiva arte cristã. Arquitetura - Sendo uma religião perseguida, alvo da vigilância e repressão das autoridades, as práticas cristãs se faziam ocultamente. Desse modo, na fase catacumbária, não existe praticamente arquitetura. Pensou-se, durante muito tempo, que os fiéis se reunissem no interior das catacumbas para celebração do culto. Está provado hoje, por investigações arqueológicas, que faziam dentro de residências, em Roma e outras cidades, geralmente à noite, sob o temor da prisão, tortura e morte. As catacumbas serviam apenas para o sepultamento. Nos primeiros tempos, os cristãos eram sepultados nos cemitérios pagãos. Deixaram de fazê-lo por dois motivos: primeiro porque adotaram a prática da inumação, contrária à incineração, usada pelos pagãos; segundo, porque os pagãos consagravam os cemitérios ás suas divindades. Nas residências, utilizavam salas, com altares improvisados, para os ofícios divinos, os ágapes ou banquetas de amor, como se chamavam, depois transformados na cerimônia da missa. Algumas casas mais ricas chegaram a possuir uma espécie de templo, com disposição e instalação adequadas. Não podem ser considerados obras de arquitetura os trabalhos, muitas vezes toscos, de sustentação de paredes e tetos ou ampliação de espaço, executados nas catacumbas. Estas, como sabemos, se constituíam de galerias subterrâneas que se cruzam e entrecruzam, em diferentes níveis, superponde-se, constantemente, em extensões consideráveis de centenas de quilômetros. As galerias de circulação, estreitos corredores, denominam-se ambulacra ou ambulatórios. Os corpos eram depositados em nichos retangulares, chamados loculi, abertos na parede se superpostos em fila. Uma placa de mármore ou de pedra, com o nome do morto acompanhado de piedosa invocação, fechava a abertura. Quando se reuniam diversos loculi em sepulturas de família ou pequenos altares, dava-se a denominação de cubiculum. Os loculi maiores possuíam um arco, às vezes sobre colunas. Era o arcosolium, continham geralmente um sarcófago de mármore. Algumas galerias recebiam aeração e luz por aberturas superiores, lucerna. Em algumas catacumbas, construíam-se criptas, para deposição de ossos de mártires ou despojos de papas, muitas das quais no primeiro século do reconhecimento. Nas catacumbas de Santa Priscilla, existe a capela grega, e nas de São Calisto, a Cripta dos Papas, ambas de Roma. São pequenos recintos, tetos abobadados ou planos, sustentados por arcos e colunas, decorados de pinturas e com vestígios de escultura em estuque. Em resume, estes os três elementos arquitetônicos existentes nas catacumbas. Catacumbas - As maiores catacumbas e mais famosas são as de Roma, ao longo das grandes e históricas vias imperiais, pois as leis romanas proibiam o sepultamento no interior dos recintos das cidades. Evocam a memória de santos e mártires, chamando-se São Pretextato, São Sebastião, São Calisto e Santa Domitila. Existiram também em outras cidades italianas, em Nápoles, Siracusa, assim como na África do Norte e Ásia Menor. Não serviram, como dissemos, à celebração de culto. Foram cemitérios e locais de reunião e refúgio, nas épocas de maiores perseguições. Em Roma, são hoje locais de visitação turística e peregrinação. Para construí-las, os cristãos escolhiam terrenos apropriados ou aproveitavas as escavações deixadas pela exploração das jazidas de pozzolana, que é uma rocha vulcânica porosa, que se triturava para obter uma espécie de cimento, utilizado no preparo da argamassa de construção. Transformadas em catacumbas, as antigas galerias de pozzolana foram ampliadas e solidificadas. Quanto aos terrenos, preferiam os de tufo, tufa granolare, camadas do subsolo constituídas de sedimentos e depósitos de matérias pulverulentas, acumuladas pela água, que formam uma pedra compacta, também porosa, utilizada em construção. A caprichosidade do traçado das catacumbas resulta da resistência ou impropriedade do subsolo que os operários cavadores, chamados fossores, iam encontrando. Nas pinturas catacumbárias aparecem ingênuas e tocantes homenagens a esses trabalhadores. Depois do reconhecimento, ou da paz oficial da Igreja, os cristãos foram abandonando-as como locais de sepultamento. Preferiam enterrar os mortos nos terrenos das igrejas e conventos ou cemitérios públicos. Entre os séculos IV e VII, transformaram-se em locais de peregrinação. Receberam decorações, altares e criptas. Os peregrinos retiravam e levavam relíquias de santos e mártires, em tamanha quantidade, que as autoridades eclesiásticas se viram na contingência de intervir, proibindo semelhantes práticas. A partir do VII século, caíram no esquecimento, por todo o resto da Idade Média estiveram praticamente ignoradas. Em plena Renascença, sob emoção popular fácil de imaginar, principalmente quando ia no auge a luta contra a reforma protestante de Lutero, foram redescobertas por acaso em 1578. Um antiquário romano, Antonio Bosio, estudou-as num livro Roma Subterrânea. No século passado, seus estudos foram ampliados por um arqueólogo italiano João Battista de Rossi (1822-1894), que publicou obras ainda hoje fundamentais pela objetividade e segurança das informações. As demais catacumbas, em outras partes do mundo, inclusive catacumbas de cristãos heréticos e judeus, foram igualmente objeto de investigações e estudos que entre novas descobertas ainda hoje se desenvolvem, para melhor conhecimento das manifestações iniciais da arte cristã primitiva. Escultura - Um traço geral observa-se nas criações dos primeiros tempos catacumbários: o rudimentarismo da técnica e a pobreza de expressão. São obras de inspiração popular, elementares de execução e ingênuas de sentimento, reveladoras de suas origens entre artesãos ou artistas improvisados, senão autodidatas. Explica-se o fato pela difusão inicial do Cristianismo ter sido feita entre as camadas sociais inferiores do Império, homens e mulheres do povo, trabalhadores, escravos e bárbaros, sem os requintes de técnicas e expressão dos artistas a serviço das classes superiores dominantes e ainda paganizadas. Só mais tarde, quando a nova crença começa a difundir-se também entre as camadas sociais elevadas, capazes de mobilizar artistas profissionalmente formados e capazes, por sua vez, de exprimir os ideais estéticos, passa-se a observar melhor nível técnico e expressivo, sobretudo no século anterior ao reconhecimento. Mas, de uma forma ou de outra, não se encontram muitas esculturas nos primeiros tempos. Os cristãos eram tomados de natural prevenção contra a estatuária, temerosos do pecado da idolatria, que condenavam e denunciavam nos pagãos. As estátuas das divindades mitológicas, nuas, regulares e de belas de formas que falavam aos sentidos, eram encarnações do mal aos olhos cristãos, sugestões do demônio, tentações da carne, que cumpria evitar e destruir. Sabe-se que, nessa fase e, principalmente, depois do reconhecimento, os cristãos lançaram-se, num zelo fanático e cego, insuflados pelos sacerdotes, à destruição de ídolos pagãos. Desapareceram assim, irreparavelmente, numerosas obras de arte da antigüidade clássica greco-romana. Os crentes da religião, agora perseguida procuravam salva-las por todos os meios, enterrando-as muitas vezes e legando-as, involuntariamente, aos nossos dias. Quando se amortecem os extremismos doutrinários dos primeiros tempos e os perigos da idolatria parecem atenuados, como também as prevenções com o naturalismo sensualista da escultura pagã, surgem os escultores cristãos primitivos, mesmo nas catacumbas e durante as perseguições. Esses artistas voltam-se, natural e compreensivelmente para tipos humanos e os temas ornamentais da escultura helenística pagã. O Cristianismo ainda não criara os seus tipos ou a sua iconografia, valendo-se dos modelos existentes que jaziam no subconsciente coletivo e da experiência de artistas formados dentro das tradições greco-romanas. Os escultores, aplicam-se, de modo especial, à execução de sarcófagos de mármore, numa literal imitação dos modelos romanos. Na técnica e na expressão, esses sarcófagos são pagãos, transposições dos baixos relevos peculiares da decadência da escultura romana. As figuras são bem proporcionadas e realistas, tocadas de sentimento helenístico na representação de cenas do Velho e do Novo Testamento. Na face lateral, um medalhão, um busto do morto, geralmente marido e mulher, numa reminiscência dos usos funerários etruscos. Apresentam naturalmente variações de técnica e de estilo através dos tempos. Na categoria de escultura, podem ser mencionadas figurinhas em cerâmica de animais e pássaros simbólicos, a pomba, o peixe, o leão, a águia, o pavão, o cavalo, assim como lâmpadas funerárias, geralmente de barro. Há também numerosos vasos de cerâmica. Acreditava-se tivesse contido sangue de mártires, por vestígios de coloração avermelhada. Numerosos autores os consideram, porém, recipientes de perfumes e óleos aromáticos. Pintura - Desde os movimentos iniciais da propagação da nova fé, os cristãos defrontaram-se com o problema de criar a sua imaginária, em outras palavras, a representação de Deus e de Cristo, da Virgem e das cenas das Escrituras Sagradas, ao lado das verdades e dogmas da fé. Como representar, por exemplo, a Anunciação, a Natividade, o Batismo e a Eucaristia, conforme os sentimentos e as idéias dos cristãos? Esses problemas de simbologia e de plástica foram sendo solucionados através dos tempos, pelos pintores catacumbários, entre sugestões e influências inevitáveis do mundo pagão. As primeiras decorações catacumbárias, figurativas ou ornamentais, sã ingênuas e simples, obras de verdadeiros autodidatas. Tendem inicialmente ao simbólico e abstrato, revelam depois influências do modelos greco-romanos, que estavam aos olhos de todos. Muitas vezes são desenhos de incisão, executados a fresco sobre uma camada de estuque, desaparecidos em grande parte ou apenas visíveis hoje, nos traços gerais. No desenho e no colorido, os autores são frustros, sem maior segurança técnica e poder de expressão. Com o passar do tempo, adquirem maior destreza e melhores recursos de expressão. São agora sensíveis à influências da pintura romana erudita, particularmente a pompeiana de finalidades decorativas. Os pintores aplicam o claro-escuro, combinam com maior variedade as cores e proporcionam bem as figuras humanas. Aparecem os primeiros mosaicos coloridos catacumbários, que mostram influências orientais e sugestões dos desenhos de manuscritos. Os artistas usam símbolos variados, há símbolos abstratos, como um círculo, que representaria Cristo, por associação com o disco solar. O disco aposto numa cruz poderia ser simbolicamente a Crucificação, cena cuja representação foi evitada nos primeiros séculos. A simbologia cristã primitiva é muito rica, sendo melhor, neste momento, resumir dizendo que, ao lado dos abstratos, multiplicam-se os símbolos figurativos. Os mais comuns são o peixe, a pombinha com o ramo de oliveira no bico, o pavão, a âncora, o lírio, o cacho de uva, a espiga de trigo, dentre outros. O peixe era Cristo, pois as inicias das palavras gregas Jesus Cristo de Deus Filho Salvador formam ichtus, peixe em grego. A pombinha com o ramo de oliveira no bico, alusão ao episódio de Noé. O pavão, símbolo da eternidade. A âncora, salvação pela firmeza da fé e, muitas vezes, a cruz do Calvário. O lírio, pureza, O cacho de uva, o sangue de Cristo, como a espiga de trigo, o pão da Eucaristia. A serpente, entre os pagãos, símbolo das energias da terra, passa, entre os cristãos, a símbolo do Mal. Alguns episódios sagrados representam-se com especial preferência. São sempre os mesmos - Noé na arca, Abraão preparando-se para sacrificar Isac, Jonas vomitado pelo monstro marinho, Daniel na cova dos leões, os três jovens hebreus na fornalha, Suzana e os velhos. Os milagres de Cristo são poucos e também sempre os mesmos - a recuperação do cego, a cura do paralítico e a ressurreição de Lázaro. A preferência dos pintores por esses temas, é que na Igreja de Antióquia, centro prestigioso de Cristianismo, recitava-se à cabeceira dos moribundos uma oração, depois conhecida e popularizada em Roma. Nessa oração fazia-se referência aos episódios que os pintores passariam a representar com tanta insistência nas catacumbas. Por outro lado, os pintores apoderaram-se de muitos símbolos da mitologia, conferindo-lhes significação cristã. Orfeu, por exemplo, com sua lira aplacando as feras, passou a simbolizar o próprio Cristo, amainando, com a palavra divina, as paixões do mal. Ulisses, amarrado ao mastro da embarcação, resistindo às sereias, era a alma cristã, que resistia à tentação dos pecados. Eros e Psique são representados, mas como símbolos da alma que se une a Deus pelo amor. Isto não é de admirar. Nos primeiros séculos, os padres buscavam apoio das verdades da fé nas profecias das próprias sacerdotizas pagãs, observa Raoul Rouaix, que chama a nossa atenção para as sibilas da mitologia, pintadas por Michelangelo, no teto da Capela Sistina do Vaticano, numa sobrevivência dessa tradição.



Renascimento
O Renascimento foi uma nova visão de mundo estimulada pela burguesia em ascensão. Suas principais características eram o racionalismo (em oposição à fé), o antropocentrismo (em oposição ao teocentrismo) e o individualismo (em oposição ao coletivismo cristão). O Humanismo foi um movimento intelectual que pregava a pesquisa, a crítica e a observação, em oposição ao princípio da autoridade. O Renascimento e o Humanismo nasceram na Itália, em função da riqueza das cidades italianas, da presença de sábios bizantinos, da herança clássica da Antiga Roma e da difusão do mecenato. A invenção da Imprensa contribuiu muito para a divulgação de novas idéias. Principais figuras do Renascimento Itália -- Francesco Petrarca, Giovanni Boccaccio, Nicolau Maquiavel, Leonardo da Vinci, Rafael Sanzio, Michelangelo Buonarroti. França -- François Rabelais, Michael de Montaigne. Inglaterra -- Thomas Morus, William Shakespeare. Holanda -- Erasmo de Rotterdam, Jan Van Eyck, Pieter Bruegel, Rembrandt. Alemanha -- Albrecht Dürer, Hans Holbein. Portugal -- Luís Vaz de Camões. Espanha -- Miguel de Cervantes. A pesquisa científica evoluiu muito no período graças, entre outros, a figuras como: Leonardo da Vinci, Nicolau Copérnico, Galileu Galilei, Johannes Kepler, André Vesálio, Miguel de Servet e William Harvey.

Mercantilismo
A doutrina e a política mercantilista situam-se numa fase histórica precisa: a do capitalismo mercantil, etapa intermediária entre o esfacelamento da estrutura feudal, de um lado, e o surgimento do capitalismo industrial, de outro. O sistema feudal, estrutura sócio-político-econômica típica da Idade Média Ocidental, resultou, fundamentalmente, do declínio do Império Romano e da deterioração de seu regime escravista de trabalho. Em linhas gerais, pode-se descrever o processo de feudalização como a distribuição de terras entre os senhores e a simultânea transformação dos trabalhadores rurais em servos de gleba. O regime feudal foi-se desenvolvendo, até atingir a plenitude de suas características, do século V ao X da Era Cristã. Em seus momentos iniciais, o feudalismo promoveu um grande desenvolvimento das técnicas e dos instrumentos de produção. O aparecimento do arado de ferro, o aperfeiçoamento da viticultura, da vinicultura, da horticultura e também da criação de eqüinos, ao lado de outras realizações materiais, assinalaram, de maneira expressiva, o referido progresso. No entanto, apesar de seus êxitos momentâneos, o sistema de produção feudal, depois de uma prolongada crise, entrou em colapso. Numa perspectiva global, a desintegração do regime feudal de produção derivou dos abalos sofridos pelo sistema, em decorrência do ressurgimento do comércio a longa distância no Continente Europeu. Efetivamente, a ampliação do raio geográfico das atividades mercantis provocou transformações relevantes na estrutura feudal. A abertura do Mediterrâneo à presença ocidental, possibilitando o comércio com o Oriente, e o conseqüente aumento do volume das trocas entre regiões européias, até então comercialmente isoladas, geraram um universo econômico complexo, diante do qual o feudalismo reagiu de modos diversos. De um lado, nas áreas próximas às grandes rotas comerciais, onde a presença do comerciante era constante, o desenvolvimento do setor mercantil e da economia de mercado levou a uma natural dissolução dos laços de dependência servil. Do outro, em regiões menos desenvolvidas comercialmente, onde o contato com o mercado era privilégio das elites dominantes da sociedade feudal, o renascimento comercial promoveu, numa primeira fase, o reforço dos laços de servidão. Realmente, vitimado pela febre do consumo, atraído pelo número crescente de bens supérfluos colocados à sua disposição pelos mercadores, o senhor feudal, carente de renda, passou a tributar pesada e diferentemente os seus servos. Pouco a pouco, a camada servil, para atender às necessidades financeiras dos seus senhores, deixaria de pagar suas contribuições em produtos para fazer contribuições em dinheiro. Assim, progressivamente, os servos, agora obrigados a trocar sua produção por moedas, passariam a vender o produto do seu trabalho nas feiras e mercados urbanos. Dessa forma, em breve, a cidade capitalizaria o campo. Essa alteração da taxação senhorial, acompanhada da exigência de quantias cada vez mais elevadas, fez da servidão um fardo insuportável. Em conseqüência dessa situação opressiva, milhares de servos abandonaram os campos, buscando melhores oportunidades nas áreas urbanas. Outros, aqueles que permaneceram nos feudos, esmagados por tributação abusiva, foram levados à violência. Logo, a Europa Ocidental conheceria a explosão de inúmeras insurreições camponesas - fenômeno típico do período final da Idade Média. Assim, uma grave crise social no campo abalaria os alicerces do feudalismo. Nas cidades, a expansão do mercado e o crescimento das atividades de troca estimulavam as diferenciações sociais no meio urbano: os mestres enriquecidos tornavam-se capitalistas; os mais pobres — oficiais e aprendizes — transformavam-se em assalariados. As atividades artesanais, insuficientes para atender à crescente demanda, mostravam claros sinais de decomposição. A proletarização de grande número de produtores simples, agora desprovidos de seus instrumentos de produção levaria a crise social para dentro dos muros das cidades, através de inúmeros motins urbanos no Ocidente Europeu. Todas essas tensões sociais, que assolaram os campos e as cidades do Velho Mundo, refletiam as radicais alterações sofridas pela estrutura feudal em função do desenvolvimento da economia mercantil. Sem dúvida, as mudanças foram substanciais: o crescimento do mercado e o impulso dado às trocas acelerando o declínio do feudalismo, condicionaram realidades econômicas complexas e até então desconhecidas. Logo o Continente Europeu sofreria a especialização regional da produção. Com efeito, áreas inteiras, atingidas pela economia mercantil, dedicaram-se à produção de gêneros exclusivos, umas procurando nas outras o que não produziam e oferecendo ao mercado seus bens. Assim, a especialização das atividades produtivas — a divisão social do trabalho alargaria o universo das trocas, originando, a longo prazo, um mercado interno prenunciador dos mercados nacionais. Em pouco tempo, regiões européias, secularmente separadas entre si, passariam a ser ligadas pelo incessante fluxo de mercadorias através de movimentadas rotas comerciais. Não obstante, o regime feudal, mesmo decadente, ainda apresentava obstáculos ao progresso das atividades mercantis. A Europa era vítima de uma contradição: sua velha realidade política, o feudalismo, conflitava com sua nova realidade econômica, o comércio a longa distância. De fato, a permanência dos feudos, unidades políticas isoladas e plenamente independentes, contrastava com o movimento de alargamento dos mercados. Dessa forma, o sistema feudal, caracterizado pelo particularismo político, pela fragmentação do poder e pela total autonomia tributária, ao retalhar o Continente Europeu, retardava o ritmo de crescimento do comércio. Impunha-se, portanto, a extinção do fracionamento feudal. Nesse ponto residia o núcleo da maior fonte de tensões sociais e políticas no final da Idade Média. O desenvolvimento das novas formas econômicas de produção e comércio passou a depender da superação das profundas e persistentes crises que marcaram o desaparecimento do sistema feudal. Um novo regime político, que permitisse a solução daqueles problemas sociais, se fazia necessário, sob o risco da dissolução das novas conquistas econômicas. Os Estados Nacionais e as Monarquias Absolutistas foram a resposta àquela exigência. As monarquias absolutistas foram instrumento político empregado na superação das crises determinadas pela desintegração do feudalismo. Efetivamente, a unificação territorial e a centralização política dos Estados Nacionais europeus, rompendo o isolacionismo dos feudos, possibilitaram o disciplinamento das tensões resultantes da expansão do setor mercantil. A primeira função da monarquia absolutista foi a manutenção da ordem social interna dos Estados Nacionais, mediante a sujeição de todas as forças sociais — do plebeu ao nobre — ao poder real. Em breve, o Estado Nacional centralizado desempenharia um segundo papel: o de estimular a expansão das atividades comerciais. No fim da Idade Média, o comércio europeu chegara a um impasse: a economia do Velho Mundo, além de abalada pelas tensões sociais provenientes da crise do feudalismo, sofria uma severa depressão monetária. A Europa, possuidora de pequenas reservas de ouro, contava basicamente com linhas externas de abastecimento do precioso minério. Tal situação provocou uma enorme competição entre os principais centros de comércio, todos eles interessados no domínio exclusivo das grandes rotas mercantis. Os mercadores italianos de Gênova e Veneza controlavam o setor comercial mais importante da época (século XV): o de produtos orientais. Os demais núcleos mercantis — ingleses, holandeses, franceses e ibéricos — tiveram, portanto, de buscar novas e melhores rotas. Entretanto, a abertura de novas frentes de comércio dependia de uma ação ousada: a penetração no oceano desconhecido. Esse empreendimento, a par de envolver uma grande margem de risco, requeria uma quantidade de meios financeiros superior às possibilidades das empresas mercantis medievais. Na realidade, tão grande mobilização de capital e rentabilidade a longo prazo da aventura marítima tornaram-na inviável para as precárias estruturas empresariais então existentes. Somente uma forma organizacional mais sofisticada, como a do Estado Nacional, poderia levantar os recursos, humanos e materiais, necessários à tarefa de desbravar os oceanos. Há uma íntima conexão entre esses dois processos quase simultâneos: a formação dos Estados Nacionais europeus e a expansão ultramarina. Na realidade, Portugal, Espanha, Holanda, Inglaterra e França só puderam lançar-se à corrida colonial à medida que se estruturaram internamente como Estados Modernos, isto é, centralizados e unitários. As conquistas ultramarinas e o conseqüente desenvolvimento da economia européia, propiciaram, a um grande número de pensadores europeus, a elaboração de um projeto teórico que serviria de guia para o estabelecimento de uma política econômica que era favorável ao fortalecimento dos Estados Nacionais e ao enriquecimento de suas camadas mercantis. Esse conjunto de doutrinas e normas, que caracterizaram a história e a política econômica dos Estados europeus, ficou conhecido pela denominação genérica de Mercantilismo. O Mercantilismo teve um objetivo preliminar estritamente prático e imediato: estabelecer as diretrizes econômicas do Estado Nacional centralizado. Por essa razão, não partiu de uma conceituação científica pura ou de uma contemplação desinteressada da vida econômica. Ao contrário da maioria das correntes da Economia Política, percorreu o caminho inverso: as diretrizes mercantilistas nasceram da intervenção concreta na realidade econômica, assumindo a forma inicial de uma série de receitas para superar os obstáculos que dificultavam a expansão da economia de mercado e a prosperidade das nações. Mais tarde, plenamente amadurecido, o Mercantilismo firmou-se como uma teoria sistemática de explicação da realidade econômica. Isto, entretanto, resultou da necessidade, experimentada pelos defensores das medidas mercantilistas, de justificar, no plano teórico, a exatidão de suas normas e recomendações práticas. Apesar das variações de Estado para Estado e de época para época, houve uma série de princípios comuns que orientaram a política mercantilista. O metalismo incentivava o acúmulo de ouro e prata, com o objetivo de facilitar a circulação de mercadorias. Era fundamental para os países arranjar novos mercados consumidores para poderem comprar a baixos custos e vender os produtos a preços mais altos. Assim, uma balança de comércio favorável era indispensável à política econômica mercantilista. Para conseguir isso, restringia-se a importação de manufaturas, através do protecionismo. As colônias complementavam a economia da metrópole, consumindo as manufaturas e fornecendo matérias-primas e metais preciosos. A única maneira de realizar grandes empreendimentos era a formação de monopólios, onde os capitais eram unidos para monopolizar um ramo da produção manufatureira. O monopólio pertencia ao Estado absolutista, e era transferido aos burgueses em troca de pagamento. No intervencionismo estatal o Estado intervinha na economia de acordo com os seus interesses, visando o fortalecimento do poder nacional. Nos países europeus o mercantilismo foi adaptado de acordo com os recursos naturais disponíveis em cada um. No mercantilismo espanhol, no século XVI não foram muito desenvolvidos o comércio e a manufatura, já que à Espanha o ouro e a prata bastavam. Até mesmo suas colônias eram abastecidas por manufaturas estrangeiras. O rápido esgotamento dos minérios gerou a desvalorização da moeda, e conseqüentemente, uma grande inflação, que prejudicou a classe mais pobre (assalariada) mas beneficiou a burguesia de toda a Europa. O mercantilismo inglês era fundamentalmente industrial e agrícola. A política econômica inglesa era sempre bem planejada. O governo incentivava a produção manufatureira, protegendo-a da concorrência estrangeira por meio de uma rígida política alfandegária. Houve a formação de uma burguesia industrial, que empregava o trabalho assalariado e era dona dos meios de produção (máquinas, galpões, equipamentos). O absolutismo atingiu sua maior força na França, onde o Estado intervinha na economia de forma autoritária. O desenvolvimento da marinha, das companhias de comércio e das manufaturas mantinham a balança comercial favorável. O mercantilismo francês atingiu seu ápice com o rei Luís XIV. Era um país essencialmente agrícola, com o preço de seus produtos mantidos baixos para que os trabalhadores pudessem se alimentar e não reclamar dos baixos salários, o que era favorável para os manufatureiros. Mesmo com o incentivo e intervenção estatais, a França enfrentava uma forte concorrência com a Inglaterra e a Holanda. O exemplar mercantilismo holandês atraiu muitos estrangeiros, que abandonavam seus países devido às perseguições e com seus capitais favoreceram o crescimento da Holanda, modelo de país capitalista no começo do século XVII. Era dominada pelas grandes companhias comerciais, tendo o poder central muito fraco, e desenvolvendo as manufaturas e o comércio interno e externo. Além disso, o intervencionismo estatal não existia neste país. Foram organizadas nesse país duas grandes companhias monopolistas holandesas, com o objetivo de colonizar e explorar as possessões espanholas na Ásia e luso-espanholas na América: a Companhia das Índias Orientais (Ásia) e a Companhia das Índias Ocidentais (América). Através do desenvolvimento das manufaturas e do poderio dessas companhias, durante o século XVII a Holanda conseguiu acumular um grande capital. O principal objetivo do mercantilismo era o desenvolvimento nacional a qualquer preço. Ao adotar uma política econômica orientada pelo Mercantilismo, o Estado Moderno buscou propiciar todas as condições de lucratividade para que as empresas privadas exportassem o maior número possível de excedentes. Assim, o aparelho estatal absolutista incentivava o processo de acumulação de capital por parte de sua burguesia mercantil. Com essa finalidade, todos os estímulos passaram a ser legítimos, até mesmo aqueles que, eventualmente, viessem a prejudicar o bem-estar social. Por isso, o Mercantilismo pregava uma política de salários baixos, além de crescimento demográfico descontrolado, como meio de ampliação da força de trabalho interna. Dessa forma, o Estado Moderno garantia o barateamento dos custos da produção nacional, visando à conquista dos mercados estrangeiros. Paralelamente à proteção dispensada ao processo de acumulação de capital da burguesia mercantil, o Estado Nacional, a título de retribuição, fortalecia-se pela aplicação de uma rígida política tributária. Dessa forma, percebe-se então, que Estados Absolutistas e Capitalistas Comerciais são dois pólos interagentes de uma mesma realidade: a superação do modo de produção feudal e o surgimento do capitalismo moderno. Em resumo, foi o desenvolvimento do Estado Nacional absolutista que garantiu a ascensão da burguesia mercantil. Entretanto, a implantação do Estado Absolutista, por si só, não assegurava a expansão do ritmo das atividades da burguesia comercial. Na realidade, a camada mercantil ainda deparava-se com inúmeros entraves de ordem econômica. Esses obstáculos — tais como a depressão monetária, a carência de matérias-primas em solo europeu e a relativa pobreza dos mercados continentais — geraram a necessidade de apoios externos para manter o processo de acumulação de capital. Nesse sentido, atuaram como poderosas alavancas a expansão ultramarina e as economias coloniais. O mercantilismo não foi um sistema econômico e, portanto, não pode ser considerado um modo de produção, terminologia que se aplica ao feudalismo. O mercantilismo é a lógica econômica da transição do feudalismo para o capitalismo.


Revolução Industrial
Começa na Inglaterra, em meados do século XVIII. Caracteriza-se pela passagem da manufatura à indústria mecânica. A introdução de máquinas fabris multiplica o rendimento do trabalho e aumenta a produção global. A Inglaterra adianta sua industrialização em 50 anos em relação ao continente europeu e sai na frente na expansão colonial. Progresso tecnológico A invenção de máquinas e mecanismos como a lançadeira móvel, a produção de ferro com carvão de coque, a máquina a vapor, a fiandeira mecânica e o tear mecânico causam uma revolução produtiva. Com a aplicação da força motriz às máquinas fabris, a mecanização se difunde na indústria têxtil e na mineração. As fábricas passam a produzir em série e surge a indústria pesada (aço e máquinas). A invenção dos navios e locomotivas a vapor acelera a circulação das mercadorias. Empresários e proletários O novo sistema industrial transforma as relações sociais e cria duas novas classes sociais, fundamentais para a operação do sistema. Os empresários (capitalistas) são os proprietários dos capitais, prédios, máquinas, matérias-primas e bens produzidos pelo trabalho. Os operários, proletários ou trabalhadores assalariados, possuem apenas sua força de trabalho e a vendem aos empresários para produzir mercadorias em troca de salários. Exploração do trabalho No início da revolução os empresários impõem duras condições de trabalho aos operários sem aumentar os salários para assim aumentar a produção e garantir uma margem de lucro crescente. A disciplina é rigorosa, mas as condições de trabalho nem sempre oferecem segurança. Em algumas fábricas a jornada ultrapassa 15 horas, os descansos e férias não são cumpridos e mulheres e crianças não têm tratamento diferenciado. Movimentos operários Surgem dos conflitos entre operários, revoltados com as péssimas condições de trabalho, e empresários. As primeiras manifestações são de depredação de máquinas e instalações fabris. Com o tempo surgem organizações de trabalhadores da mesma área. Sindicalismo Resultado de um longo processo em que os trabalhadores conquistam gradativamente o direito de associação. Em 1824, na Inglaterra, são criados os primeiros centros de ajuda mútua e de formação profissional. Em 1833 os trabalhadores ingleses organizam os sindicatos (trade unions) como associações locais ou por ofício, para obter melhores condições de trabalho e de vida. Os sindicatos conquistam o direito de funcionamento em 1864 na França, em 1866 nos Estados Unidos, e em 1869 na Alemanha. Curiosidade: Primeiro de maio – É a data escolhida na maioria dos países industrializados para comemorar o Dia do Trabalho e celebrar a figura do trabalhador. A data tem origem em uma manifestação operária por melhores condições de trabalho iniciada no dia 1º de maio de 1886, em Chicago, nos EUA. No dia 4, vários trabalhadores são mortos em conflitos com as forças policiais. Em conseqüência, a polícia prende oito anarquistas e os acusa pelos distúrbios. Quatro deles são enforcados, um suicida-se e três, posteriormente, são perdoados. Por essa razão, desde 1894, o Dia do Trabalho, nos Estados Unidos, é comemorado na primeira segunda-feira de setembro. Conseqüências do processo de industrialização As principais são a divisão do trabalho, a produção em série e a urbanização. Para maximizar o desempenho dos operários as fábricas subdividem a produção em várias operações e cada trabalhador executa uma única parte, sempre da mesma maneira (linha de montagem). Enquanto na manufatura o trabalhador produzia uma unidade completa e conhecia assim todo o processo, agora passa a fazer apenas parte dela, limitando seu domínio técnico sobre o próprio trabalho. Acúmulo de capital Depois da Revolução Gloriosa a burguesia inglesa se fortalece e permite que o país tenha a mais importante zona livre de comércio da Europa. O sistema financeiro é dos mais avançados. Esses fatores favorecem o acúmulo de capitais e a expansão do comércio em escala mundial Controle do campo Cada vez mais fortalecida, a burguesia passa a investir também no campo e cria os cercamentos (grandes propriedades rurais). Novos métodos agrícolas permitem o aumento da produtividade e racionalização do trabalho. Assim, muitos camponeses deixam de ter trabalho no campo ou são expulsos de suas terras. Vão buscar trabalho nas cidades e são incorporados pela indústria nascente. Crescimento populacional Os avanços da medicina preventiva e sanitária e o controle das epidemias favorecem o crescimento demográfico. Aumenta assim a oferta de trabalhadores para a indústria. Reservas de carvão Além de possuir grandes reservas de carvão, as jazidas inglesas estão situadas perto de portos importantes, o que facilita o transporte e a instalação de indústrias baseadas em carvão. Nessa época a maioria dos países europeus usa madeira e carvão vegetal como combustíveis. As comunicações e comércio internos são facilitados pela instalação de redes de estradas e de canais navegáveis. Em 1848 a Inglaterra possui 8 mil km de ferrovias.

A Reforma da Igreja católica ou a Contra Reforma
Antes mesmo do início do protestantismo, inúmeros católicos, como o jurista Thomas Morus ou o humanista Erasmo de Totterdam, criticaram os enormes abusos praticados pelo clero e mostraram que era necessário reformar a Igreja Católica com urgência. Entretanto, os grupos de leigos e de religiosos católicos só deram início a um trabalho de intensa reorganização interna da Igreja quando o protestantismo começou a se expandir com velocidade crescente por vários países europeus. Esse trabalho, que tinha o objetivo de ampliar o número de adeptos do catolicismo e impedir o avanço do protestantismo, foi chamado de Reforma Católica ou Contra-Reforma. Entre os papas que lideraram a Contra-Reforma destacaram-se por sua vida exemplar Paulo III, Paulo IV e Pio V. Este último era conhecido por caminhar de pés descalços nas procissões.O êxito da Contra-Reforma deveu-se principalmente à ação desenvolvida pela Companhia de Jesus, ao revigoramento da Inquisição e às determinações do Concílio de Trento. A Companhia de Jesus foi fundada em 1.534 por um ex-oficial espanhol chamado Inácio Loyola. Os "soldados de Cristo", como se autodenominavam os jesuítas, obedeciam a uma disciplina muito rígida e dedicaram-se a combater as heresias e o protestantismo, e a catequizar os povos não-cristãos da Ásia, África e América.Tanto nesses continentes quanto na Europa, os jesuítas criaram uma rede de colégios e tiveram um papel destacada na área da educação, graças à organização e à sólida formação intelectual que possuíam. A Inquisição -- um tribunal criado pela Igreja em 1.231 para vigiar, julgar e punir qualquer indivíduo acusado de heresia -- foi revigorada pelo papa Paulo III em 1.542. Sua finalidade era combater os que fossem considerados "hereges", isto é, os que não professassem a fé católica. O Concílio de Trento foi convocado pelo papa Paulo III e teve uma experiência longa e agitada. Foi iniciado em 1.545, estendendo-se até 1.563. As determinações desse concílio fortaleceram o catolicismo e orientaram a Igreja Católica até meados do século XX. O Concílio de Trento manteve todos os dogmas do catolicismo: reafirmou a crença de que a salvação da alma se dá por meio da fé e das boas obras; reforçou o poder do papa; manteve o celibato clerical e os sete sacramentos (batismo, eucaristia, penitência, confirmação da ordem sacerdotal, matrimônio e extremação); determinou a criação de seminários para a formação de sacerdotes; destacou a importância da missa para relembrar o sacrifício de Cristo; considerou criminoso o lucro proveniente da venda de indulgências; e organizou um Índice dos Livros Proibidos, o Index, isto é, uma relação dos livros proibidos aos católicos por ordem do papa. Esse Index, aliás, só foi extinto em 1.965, durante o pontificado do papa João XXII.

Reforma Protestante
Até o início do século XVI, a Igreja conseguiu manter-se unida, utilizando seu enorme poder econômico e político para vencer os líderes religiosos que tentavam reformá-la. Contudo, em 1517, um monge chamado Martinho Lutero ousou discordar profundamente da doutrina católica e, em vez de ser queimado vivo como John Huss e outros, conseguiu provocar a maior ruptura já ocorrida no interior da Igreja. Este movimento iniciado por Lutero ficou conhecido como Reforma Protestante. Um dos motivos da Reforma foi a necessidade de uma nova moral religiosa que atendesse aos interesses econômicos da burguesia em ascensão, já que a Igreja Católica condenava a usura (empréstimo de dinheiro a juros), a avareza e a cobiça e os banqueiros multiplicavam seu capital. Além de condenar a usura, a moral religiosa pregada pela Igreja Católica defendia a doutrina do "justo preço", o que contrariava o ideal burguês de obtenção do maior lucro possível. Ao contrário da moral católica, a ética protestante, como veremos adiante, irá valorizar a competitividade e a busca do lucro, ajustando-se, portanto, aos ideais burgueses daquele momento histórico em que se desenvolvia o capitalismo. Outro fator da Reforma foi a formação das monarquias nacionais. Durante esse processo, os reis entenderam que o enorme poder exercido pela Igreja e pelo papa em seus territórios era um obstáculo ao fortalecimento do governo. Assim, o crescimento do poder nacional (rei) esbarrou na força do poder universal (papa). È preciso frisar, ainda, que a Igreja vivia principalmente da cobrança dos impostos que arrecadava nos diversos países e enviava para Roma, fato que os reis passaram a considerar como um prejuízo muito grande para os seus reinos. As razões de ordem religiosa também foram fundamentais para a Reforma. No início do século XVI, a Igreja atravessava uma de suas piores crises, principalmente por causa da corrupção, da falta de instrução e da libertinagem em que o clero estava mergulhado. O clero era formado, em sua maioria, por indivíduos ricos (que compravam cargos, como os de bispo ou arcebispo) ou por padres quase sem nenhuma instrução, que abraçavam o ofício apenas para escapar dos impostos cobrados da população. O alto clero, a começar pelo papa, explorava a crendice popular praticando a simonia, ou seja, o comércio de artigos religiosos. Entre os produtos comercializados encontravam-se tíbias do jumento montado por Jesus quando entrou em Jerusalém, pedaços do manto da Virgem Maria, frascos contendo ar da gruta de Belém e uma série de outras relíquias falsificadas. É preciso considerar, que grande parte desse clero corrupto levava uma vida de luxo e ostentação, desconhecia os fundamentos da doutrina cristã e não tinha instrução nem preparo suficientes para orientar os fiéis.


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